quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

Pela multipolaridade

A ideia de que a esquerda é um conjunto de militantes que não cessa de lutar pela conquista de um qualquer moinho iluminado (também há gente assim!) e de que a direita é um conjunto de violinos que segue o ritmo afinado, diáfano e sereno do universo (o que é comum a muita gente exterior aos afectos da direita) não é coisa com que eu concorde. Venha da esquerda ou venha da direita, discordo francamente da opinião que vê nestas duas áreas duas verdadeiras categorias (à moda de Kant, ou de Peirce). Isso é próprio de uma visão que ainda continua a entender a correlação direita - esquerda na herança bipolar dos sentidos pós-iluministas, num tempo - o nosso - que é de abertura e actualidade (ou, pelo menos, não já centrado em idealidades do futuro), de iniciativa cruzada e múltipla, de espaço público transnacional e de rede globalizada. É por estas e por outras que eu não sirvo de energia ao motor binário do Barnabé, nem entro em campos delimitados e herméticos, seja na UBL ou noutro qualquer (por mais respeito que me mereçam - e merecem justamente - os seus membros). A rede está a multipolarizar o mundo.