sexta-feira, 12 de dezembro de 2003

Confusões

Por França e Itália debate-se a questão da ostensão dos símbolos religiosos. Para muitos que os utilizam, eles nem correspondem àquilo que o ocidente quer dizer quando diz "símbolos religiosos". Sobretudo porque há culturas que não encontraram, na sua história, a diferença entre o sagrado e o profano. Sobretudo porque muitos desses símbolos são apenas modos declarados de separação entre visões do mundo. Sobretudo porque muitos desses símbolos são formas afirmativas de um pretenso território inviolável.
No uso destes símbolos reside de facto uma ostensão que se vira contra maiorias, quer a do país de acolhimento, quer, muitas vezes, a da sua origem real. É no tipo de uso e não nos símbolos, eles mesmos, que está o problema. De qualquer modo, ao proibir-se o uso já se estão, por arrastamento, a proibir os símbolos. E é essa confusão de planos que pode chegar a ser fatal para uma Europa que se quer tolerante e firme. Até porque a firmeza não é exequível com medidas restritivas e jacobinas que, no fundo, confundem as ameaças reais com as ameaças provenientes de signos ostensivos.
Mais valia a um país como a França, nos momentos-chave, ter outro tipo de atitudes. Não é assim?