Fumo sem fogo
No final do século XV, o saber astrológico previu um alinhamento planetário para o início de 1524 (no signo Aquário). Durante essas quase três décadas foi impressionante o número de textos e de comentários que interpretaram as mais diversas ocorrências ao sabor de um fim do mundo em jeito diluviano que nunca chegou a acontecer. O livro de Ottavia Nicolli, Profeti E Popolo Nell'Italia Del Renascimento (GIUS, Laterza & Figli SPA, Roma-Bari, 1987) conta a história toda (há também uma tradução inglesa).
Nos dias de hoje, os apagões estão a tornar-se nesse tipo de ocorrências que parece apontar para uma outra maior e terrível. E não há conversa em que o estigma do 11/09 não surja amiúde como a amostra exacta para o formato catastrófico que se prenunciaria. Seja como for e bem vistas as coisas, não há quaisquer precedentes históricos para um rol já tão vasto: foi a costa nordeste americana, foi Londres, foram partes de Françaa e da Dinamarca e agora foi a experiência de um país inteiro: a Itália (aliás, foi na Itália que os temores do alinhamento de 1524 mais se fizeram sentir).
Esta semana, o Departamento de Estado norte-americano foi alvo de um ataque informático no sistema de vistos que tem por objectivo descobrir possíveis terroristas. E lã se põe a gente a pensar que o hiperterrorismo anda mesmo a tramá-las. Já se sabe que eu sou um desconstrutor do pensamento profético, mesmo na contemporaneidade.
Mas que não há fumo sem fogo, lá isso não há.