sábado, 27 de setembro de 2003

Decorações

É triste reduzir a vida toda de um filósofo ao atributo "decorativo", como o fez O Comprometido Espectador. Goste-se ou não, estude-se ou não, leia-se ou não, aprofunde-se ou não, penso que haverá sempre um forte laivo de tristeza a brotar de uma tal redução ou condenação.
Nem que fosse pela defesa do "interesse" na relação directa com a obra de arte, contra a castração enunciada no primeiro momento do juí­zo do gosto do Kant (onde um sujeito "desinteressado" julga uma dada representação, acabando assim por definir o seu próprio gosto), já Adorno mereceria outro tratamento.
Não sou estudioso de Adorno, nem seu apólogo ou sequer advogado. Mas há momentos em que é difícil calar uma certa "indignação", para utilizar as sábias palavras do jogador Ricardo Rocha no final do autofágico Porto-Benfica de má memória.