quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Jogos que já lá vão

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Quando eu era pequeno, abundava nos areais do país um famoso prego. Não, não se tratava de uma iguaria: esse prego tinha mais de vinte centímetros de altura e fora concebido para dar mil reviravoltas no ar até caprichosamente se espetar na areia. O jogo do prego era um jogo familiar e de verão e apelava à habilidade, ao ritmo e à ponderação. A destreza da minha mãe colocava-a como vencedora face a tudo e a todos nos Agostos da Nazaré, da Figueira ou de S. Pedro de Moel. Tal como o pião de extremidade metálica e pontiaguda, este brinquedo para todas as idades desapareceu do mapa. O que antes era um prazer da intimidade e da comunicação familiares (um "dispositivo" na linguagem de Oakeshott) é hoje uma heresia da UE. Mais uma. De facto, do mundo dos objectos ao dos simulacros e do mundo dos prazeres do corpo ao da instantaneidade hipnótica, tudo se passou num ápice. E o sol continua a brilhar para todos nós.