sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Treze

Av. D. Carlos I
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Fiquei hoje a saber que a Sexta 13 tem a sua origem num decreto francês (claro!) que, em 1307, estipulava a extinção dos Templários. A França é um país que adora resolver tudo, mesmo o que não lembra ao diabo, através do peso da lei e da eminência lívida e impessoal do estado. A coisa vem de longe. Para mim, a Sexta 13 foi ontem: vi-me num choque em cadeia, vi-me sem carro e vi-me a subir com malas de viagem a pé da D. Carlos até Campo de Ourique. Iniciação espartana, dir-se-á. Além do mais, quase sem transportes, Lisboa ficou ontem imobilizada devido à manifestação da Intersindical que não passou de um enquadramento de milhares de pessoas em autocarros e mais autocarros, cuja espontaneidade e autenticidade políticas deixam muito a desejar, na medida em que toda gente sabe - hipocrisias de lado - que a encenação destes cortejos é obra omnia do PCP (com aquela aura paternalista de quem fala em nome dos "trabalhadores", como se só os ditos ditassem a validade do que é, ou não, ser trabalhador). Por que não se enquadra, nestes casos, a mais do que legítima liberdade de expressão num dos estádios de Lisboa? Já é tempo de alargar o “Basta” socrático ao Dr. Jardim à lógica destes passeios alegres que parecem ter como finalidade, não tanto protestar demagogicamente contra reformas inevitáveis que todos os governos têm adiado, mas prejudicar o quotidiano já difícil e complicado das pessoas. Ontem, à parte a insignificância do que comigo se passou, pude claramente testemunhar esse facto.