quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Mini-entrevistas - 40

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O Miniscente continua a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Marcelo Bonvicino, estudante de letras na Universidade de São Paulo, 19 anos.
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Muito mais do que simplesmente o universo dos blogues. A “blogsfera” é uma esfera de livre (parcialmente) circulação e interação entre idéias. Suspenso em relação às instituições privadas e governamentais, reafirma o direito de expressão e possibilita a descoberta de novas ideias, muitas vezes barradas pela mídia formal e da divulgação, mais livre e espontânea, de cultura, política e arte, de forma plural e internacional. Além disso, os blogues inovaram o conceito de escrita, já que dão ao leitor a possibilidade de quebrar a linearidade textual, permitindo-o vagar ao sabor do vento, através de diferentes cessões e links dentro das páginas. Outra grande vantagem deles é a sua dimensão, muito vasta, que obriga ao leitor a rastrear o ambiente à procura do que deseja, movimentando o fluxo de idéias.
- Seguiu algum acontecimento nacional ou internacional através de blogues?
Sim. Acompanho comentários sobre diversos eventos e acontecimentos nacionais e internacionais, embora, muitas vezes prefiro acompanhar tais eventos através da mídia, por conta de sua maior praticidade. Os blogues são, por vezes, muito dispersos, sendo melhor aproveitáveis na minha opinião, para a divulgação de idéias, não de fatos propriamente ditos.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Através dos blogues, foi possível produzir projetos e textos para publicação menos formais, tornando-se uma área de pré-projeção e discussão de idéias. Uma excelente maneira de expor textos, imagens e pensamentos a grupos menores de pessoas e sem a responsabilidade exigida pelas editoras, jornais, etc. Além disso, foi possível criar ou reforçar vínculos intelectuais e de amizade com pessoas de diversos grupos. Para mim, blog é um excelente exercício de liberdade e de criação, dele eu posso desenvolver projetos mais concretos com maior segurança. Funcionam como zonas autônomas temporárias, aonde uma idéia (ou várias) se assemelha a um “hapenning”, adquire o status de ‘fato’, acontece, repercute (no meu caso muito pouco, rs...) e se esvai no tempo. Entra para uma espécie de biblioteca da rede, podendo, nesta, perder-se ou não.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Não necessariamente. Principalmente a partir do momento em que foi invadida pela publicidade. Vejo como um uma forma editorialmente alternativa. Uma nova concepção de editoração. Pois, quando há um informe de teor publicitário entre as idéias expostas, a liberdade é parcialmente tolhida. Ora, todos sabemos que os mecanismos publicitários atuam no intuito de impor valores e idéias. Imposição é a negação da liberdade. Entretanto, tal esfera funciona como um nicho, menos valorizada pela sociedade e pelo mercado como forma de expressão, o que necessariamente gera uma maior liberdade. Não completa, mas maior.
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Nos posts de baixo: entrevistas a Carlos Zorrinho, Jorge Reis-Sá, Nuno Magalhães, José Luís Peixoto, Carlos Pinto Coelho, José Quintela, Reginaldo de Almeida, Filipa Abecassis, Pedro Baganha, Hans van Wetering, Milton Ribeiro, José Alexandre Ramos, Paulo Tunhas, António Nunes Pereira, Fernando Negrão, Emanuel Vitorino, António M. Ferro, Francisco Curate, Ivone Ferreira, Luís Graça, Manuel Pedro Ferreira, Maria Augusta Babo, Luís Carloto Marques, Eduardo Côrte-real, Lúcia Encarnação, Paulo José Miranda, João Nasi Pereira, Susana Silva Leite, Isabel Rodrigues, Carlos Vilarinho, Cris Passinato, Fernanda Barrocas, Helena Roque, Maria Gabriela Rocha e Onésimo Almeida, Patrícia Gomes da Silva, José Carlos Abrantes e Paulo Pandjiarjian. Próxima entrevista (segunda-feira, 16/10): Maria João Baltazar, professora de fotografia e investigadora.