sexta-feira, 18 de março de 2005

UM AMOR CATALÃO
Folhetim à moda clássica
VIGÉSIMO SEGUNDO EPISÓDIO
(A noite de seda)

Já no Campo S. Apostoli, a enigmática mulher de negro desviou-se repentinamente para a esquerda e levou Edmundo pela mão na direcção de um pátio cheio de arcarias, buganvílias e janelas em mármore rosa.
Longa foi a noite e a concórdia dos anjos naquela câmara de seda onde os lençóis eram todos bordados com largas asas de albatroz.
E porquê?
No outro dia, uma empregada que soletrava um dócil Italiano de sotaque albanês serviu o pequeno-almoço a Edmundo e entregou-lhe uma carta. O português abriu-a apressadamente e entreviu breves palavras escritas com caligrafia apressada:

“Vem ter comigo às 11h ao Rio de Noale. Hás-de ver-me pela última vez. Foi celestial”.

Edmundo correu até ao cais e, quando se acercava do verde esvaído das águas, viu a mulher de negro ao lado de um homem cinematográfico que fazia claramente lembrar James Bond em versão veneziana.
Hesitou no que fazer, mas deteve-se.

Suores frios, loucura aventurosa e o desejo perversamente glacial.

E agora, Edmundo?

(No próximo episódio, saber-se-á tudo o que se passou no Cais do Rio de Noale. E, para além do derradeiro pesadelo veneziano, continuará no ar a pergunta: e Albe, onde andará?)

Continua