terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

Displicências

Um bom exemplo de como o "corporativismo" jornalista (a expressão não é pejorativa), às vezes, está ainda a milhas do tempo de abertura omnipolitana em que vivemos é a crónica que aparece hoje no Público, assinada por José Vitor Malheiros.
Vejamos esta parte subtil onde os blogues aparecem referidos:

"Que a lógica displicente de produção de um blogue (que na origem é um diário pessoal) tenha penetrado no próprio jornalismo e no relato dos factos é mais grave. Mais do que relatores, os jornalistas tornaram-se comentadores, fontes de apartes, piscadelas de olho e cotoveladas cúmplices no leitor. Como esta campanha eleitoral mostrou à saciedade (mas já vem de longe), os jornalistas têm uma dificuldade cada vez maior em guardar para si próprios os seus sentimentos e conjecturas, as suas opiniões ou os boatos de que têm conhecimento e acham que eles merecem a glória do blogue, quando não da radiodifusão ou da impressão."

Sem comentários.
Uma outra parte bastante palpitante deste texto é a referência à "verdade" (basta clicar e ler) e sobretudo a sempre ocultada natureza dos seus destinatários que, ao fim e ao cabo, secretamente motivam - e de que maneira - toda a enunciação do encolerizado relato.