terça-feira, 9 de março de 2004

Sibila



E, de noite, quando as imagens se misturam com o excessivo sabor a mel que desafia as areias das praias indianas onde a lama, o areal deslavado e as palmeiras ancestrais se confundem com o mugir da vaca sagrada? E, de noite, quando a insónia se anuncia pelo trilho e pela poeira de caminhos sem fim onde os exércitos de Alexandre conheceram a sede, a face das monstruosidades e o grande esplendor do sol oriental? Que memórias, que pesos, que intranquilas miragens andarão a vociferar este monólogo? É simples: o herói, quando os havia, era aquele que permanecia acordado na destemida noite da duração, isto é, na intemporalidade. Não chegava a fechar os olhos e a sua palavra era o maior dom dessa abundância de ser.