quarta-feira, 16 de julho de 2003

Passei a última semana no Hospital de Santa Maria, porque um familiar muito chegado aí foi operado. Nesses corredores brancos, interrompe-se a cadência normal e corrente do dia a dia. O tempo torna-se numa experiência que não irá decerto ter memória consistente e, por outro lado, nele emergem súbitas partilhas entre visitantes e doentes que criam a ideia de um interface onde tudo é possível. Há um lugar limite nesta atmosfera: o saber-se onde cada um está na sua relação com o destino de todos os outros: enfermeiras, médicos, doentes, auxiliares, técnicos, visitas repetitivas, passageiros múltiplos deste zepelim entre tempos e não-tempos. Corte, falha, intermezzo, ponte. Oxalá a minha Tia Carmo melhore.