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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Mais sobre o meu romance (act.)

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Há uma adaptação singular de E Deus Pegou-me Pela Cintura que está em fase final de montagem. Simplificando: são quatro curtas em linguagem clássica, ou quatro sequências da narrativa original com destino ao You Tube em linguagem mais meteórica. As imagens poderão ser vistas pela primeira vez nos lançamentos de Lisboa e Porto (Gaia), no El Corte Inglés, respectivamente a 6 e a 13 de Março (18.30h.). Há quem diga que é a primeira tradução - ainda que parcial - de um romance (no sentido canónico do termo) à novíssima lógica do You Tube.
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Ficha Técnica
Actores principais:
Rute Monteiro - Júlia Correia
Guilherme Moutinho - António Fonseca
Realização:
Teresa Maia Carmo
Produção:
RETINAZUL
Edição:
Ricardo Sant'Ana
Câmara:
Rodrigo Lobo
Patrocínio:
Frontino – Turismo S.A.

Mini-entrevistas/Série II – 138


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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje a convidada é Inês Amaral, Docente no Instituto Superior Miguel Torga, Coimbra (http://ideiasdigitais.blogspot.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
O fenómeno da blogosfera traduz o alargamento do espaço público. A nova ágora que surge com os weblogs parte de plataformas que permitem a auto-edição para um novo contexto social, um ambiente completamente diferente que altera o tradicional processo de comunicação vertical e unilateral para um paradigma horizontal e bilateral. Na minha opinião, a blogosfera é a materialização de antigas utopias como a “aldeia global” de McLuhan ou a “era de Emerec” de Jean Cloutier). Considero mesmo que os webloggers são novos actores sociais intervenientes na sociedade civil numa esfera pública à escala global.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Não me recordo de ter seguido qualquer acontecimento única e exclusivamente através da blogosfera. Mas a verdade é que os weblogs foram e são uma excelente fonte de informação, sobretudo diversificada em vários casos. Por exemplo, na altura da guerra do Iraque os war blogs tiveram uma força imensa e recebi muita informação através da blogosfera.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Sigo o universo dos weblogs há muitos anos e, inevitavelmente, a consulta diária à blogosfera tornou-se uma rotina. Assim, tornou-se uma área de interesse sobre a qual tenho investigado e produzido alguns artigos.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Gostava de acreditar que sim, mas tenho dúvidas. A força dos weblogs e o acesso à difusão por parte de qualquer cidadão (a democratização da publicação, na minha opinião) faz com que o universo da blogosfera seja demasiado perigoso. Para o percebermos basta estarmos atentos aos assustadores números de prisões dos chamados “ciberdissidentes”, um pouco por todo o mundo. E atenção: não é só no denominado Terceiro Mundo.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos, Batukada, Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva, Masson, João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete, Maria João Eloy, André Azevedo Alves, Sílvia Chueire, André Moura e Cunha, Helder Bastos, José Bandeira, João Espinho, Henrique Raposo, Jorge Vaz Nande, João Melo, Diogo Vaz Pinto, Alice Morgado e Sérgio dos Santos, Adolfo Mesquita Nunes, João Paulo Sousa, Pedro Ludgero, João Tunes, Miguel Cardina, Paula Cordeiro, Edgar e André Azevedo Alves. Hoje: Inês Amaral.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Mini-entrevistas/Série II – 137


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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é André Azevedo Alves (http://www.oinsurgente.org/).
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
A blogosfera é um espaço de comunicação descentralizado (o que não implica a ausência de hierarquias e redes sociais) em forte crescimento e que provavelmente se consolidará a médio prazo como um meio de referência, ao lado dos tradicionais. Não acredito que a blogosfera venha a implicar o fim dos jornais ou de outros meios de comunicação tradicionais mas estou cada vez mais convicto de que a capacidade desses meios para se adaptarem e tirarem proveito da blogosfera (como fonte de informação, difusão e recrutamento) será decisiva para a concorrência em cada um dos seus segmentos. A blogosfera é também uma realidade composta de muitos sub-universos. No meu caso, conheço e sigo essencialmente os blogues políticos nacionais e, a nível internacional, os blogues liberais e os blogues sobre economia. Por último, a blogosfera constitui um meio de revelação de talentos que, de outra forma, talvez passassem completamente despercebidos ou tivessem maior dificuldade em afirmar-se. Os textos de bloggers como Luís Aguiar-Conraria, Tiago Barbosa Ribeiro, Bruno Alves, Sérgio dos Santos ou Miguel Castelo Branco, entre outros, são do que de melhor se escreve em Portugal, independentemente do meio utilizado. Sem esquecer o João Miranda que, na minha opinião, para além de ter um talento excepcional é – por larga margem – o blogger português que melhor domina e tira proveito das especificidades comunicacionais da blogosfera.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Apenas através dos blogues creio que nenhum dado que geralmente acompanho também outras fontes de informação disponíveis online. Já houve no entanto vários acontecimentos que segui de forma intensa e quase exclusivamente pelos blogues e pelos recursos disponíveis online – o exemplo mais recente foram as eleições nos EUA. Em muitos assuntos, especialmente internacionais, tenho cada vez mais a percepção de que os meios de comunicação tradicionais acrescentam muito pouco ou nada ao que está disponível na internet. Não faz sentido comprar um jornal para ler traduções ou sínteses (frequentemente más) do que pode ser lido livremente na fonte original online.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
O maior impacto dos blogues na minha vida pessoal veio dos contactos que estabeleci e/ou aprofundei no âmbito das minhas participações no Blasfémias e n’O Insurgente.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Quando comparada com os meios de comunicação tradicionais, creio que a blogosfera é editorialmente mais livre embora nunca possa haver liberdade absoluta. A ideia de que há uma liberdade incondicional na blogosfera é um erro que talvez seja motivado pela possibilidade (mais ilusória do que real, ainda que alguns intervenientes na blogosfera pareçam estar convencidos do contrário) do anonimato.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos, Batukada, Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva, Masson, João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete, Maria João Eloy, André Azevedo Alves, Sílvia Chueire, André Moura e Cunha, Helder Bastos, José Bandeira, João Espinho, Henrique Raposo, Jorge Vaz Nande, João Melo, Diogo Vaz Pinto, Alice Morgado e Sérgio dos Santos, Adolfo Mesquita Nunes, João Paulo Sousa, Pedro Ludgero, João Tunes, Miguel Cardina, Paula Cordeiro e Edgar. Hoje: André Azevedo Alves.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Ela anda por aí...


Depois de amanhã, valerá a pena comprar. Não, não é apenas por causa da Rute Monteiro.

Mini-entrevistas/Série II – 136


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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Edgar (http://thesockgap.blogspot.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra blogosfera?
A resposta obrigaria a mencionar os autores de cada um dos blogues que visito diariamente. É cada um deles, numa perspectiva de comunidade e ligados pelo interesse comum de obter e partilhar conhecimento, que faz a blogosfera. Não é fácil encontrar uma definição da mesma forma que não é possível catalogar 80% dos blogues.
A blogosfera é como uma discoteca onde entramos pela primeira vez. Bastam uns minutos para percebermos, pelo ambiente que nos rodeia, se é um local onde voltaremos mais vezes ou se, por outro lado, afirmamos “isto não é para mim” e nunca mais lá pomos os pés.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Nunca deixei de ler jornais ou ver noticiários, logo não existe nenhum acontecimento que tenha seguido apenas através de blogues. Alguns são, isso sim, uma fonte privilegiada de debate. Um exemplo disso foram as últimas presidenciais e a quantidade de blogues criados para esse efeito. Face à ausência de debate na imprensa, foi nos blogues que a discussão se tornou mais interessante. Existem uns quantos que tenho como referência e cuja leitura não dispenso na análise a determinados acontecimentos.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Comecei a escrever em 2003 num blogue colectivo, o Quarta Ferida Narcísica, com dois amigos. Quando foi entendido que tinha chegado a altura de terminar, apenas um de nós conseguiu permanecer no papel de simples leitor de blogues. Ao fim de duas semanas criei o The Sock Gap e o Samuel, outro dos membros, ao cabo de três semanas criou o Esse Cavalheiro. O acto de observar a actualidade sob uma perspectiva de criação e partilha de conteúdos, no meu caso de um ponto de vista humorístico, tornou-se irreversível, assim como a introdução de uma disciplina na escrita. Posso afirmar, por exemplo, que sinto um certo desconforto se não escrevo no blogue durante três dias seguidos sem dar uma explicação aos leitores, sejam eles vinte ou duzentos. Passei ainda a reservar meia hora para a leitura de blogues. Tenho umas duas dezenas que consulto diariamente, alguns dos quais há mais de três anos, cuja opinião valorizo e que foram veículo para algumas descobertas, nomeadamente no campo da música e cinema.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
A blogosfera só existe associada a essa liberdade que, por vezes, causa dissabores como é exemplo os blogues anónimos que têm como único objectivo a difamação. Por outro lado, tem permitido o aparecimento de pessoas com um talento enorme e que apenas encontram espaço na blogosfera. A ausência de critérios editoriais, prevalecendo sempre o bom senso, é o que torna os blogues tão interessantes. A imprevisibilidade que os caracteriza só é possível através dessa liberdade, é fantástico o facto de desconhecermos, ao abrir um blogue, se vamos ler um post sobre literatura, política, ou o comentário à última jogada do Ronaldinho….
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos, Batukada, Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva, Masson, João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete, Maria João Eloy, André Azevedo Alves, Sílvia Chueire, André Moura e Cunha, Helder Bastos, José Bandeira, João Espinho, Henrique Raposo, Jorge Vaz Nande, João Melo, Diogo Vaz Pinto, Alice Morgado e Sérgio dos Santos, Adolfo Mesquita Nunes, João Paulo Sousa, Pedro Ludgero, João Tunes, Miguel Cardina e Paula Cordeiro. Hoje: Edgar.

sábado, 24 de fevereiro de 2007

Mini-entrevistas/Série II – 135


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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje a convidada é Paula Cordeiro (http://netfm.blogspot.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Não sei se compreendi a questão, mas, independentemente da questão técnica que define a blogosfera, penso que esta tende, no caso de weblogues temáticos, a assumir-se como um espaço alternativo aos media tradicionais, com maior diversidade e actualização da informação. No caso dos weblogues pessoais e de opinião, pode ser uma versão moderna do diário pessoal...
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Dada a natureza temática do meu weblogue, não posso afirmar que tenha, até ao momento, existido um acontecimento que tenha seguido intensamente através de weblogues. Dada a quase ausência do tema «rádio» na imprensa nacional, as notícias e informações recentes e importantes sobre o meio surgem efectivamente em weblogues nacionais e estrangeiros. Assim, talvez possa responder-lhe que acompanho diariamente o trabalho de colegas e jornalistas que têm weblogues sobre rádio, para ficar a conhecer alguma coisa que me tenha escapado.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Aumentaram a minha rede de contactos profissionais e, no caso do meu weblogue, possibilitou uma maior exposição do meu trabalho.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Depende da natureza do weblogue. No caso de weblogues empresariais, a expressão pode estar limitada/condicionada. No caso de weblogues temáticos ou de opinião, penso que sim, podem ser editorialmente livres.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos, Batukada, Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva, Masson, João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete, Maria João Eloy, André Azevedo Alves, Sílvia Chueire, André Moura e Cunha, Helder Bastos, José Bandeira, João Espinho, Henrique Raposo, Jorge Vaz Nande, João Melo, Diogo Vaz Pinto, Alice Morgado e Sérgio dos Santos. Agenda para esta semana (19 a 24/02/07): Adolfo Mesquita Nunes, João Paulo Sousa, Pedro Ludgero, João Tunes, Miguel Cardina e Paula Cordeiro.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

A Rute Monteiro e o Francisco

online, aqui, na Antena 1.
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“Mas eu já não via a Rute, via antes e tão-só a beleza dela. Uma água solta e límpida que pertencera à mina de ouro do nosso passado cada vez mais remoto. No presente, pode sentir-se uma intensa nostalgia do próprio presente”
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(fim do capítulo 5: palavras de Guilherme Moutinho)

Mini-entrevistas/Série II – 134


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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Miguel Cardina, investigador na área da história contemporânea, 28 anos (http://ppresente.wordpress.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Associo a palavra a um caldeirão de páginas animadas por lógicas de produção de conteúdos e por motivações pessoais muito diferentes. Um guarda-chuva largo e tortuoso que alberga sub-conjuntos que, esses sim, possuem alguns traços comuns: blogues políticos, blogues culturais, blogues de experimentação literária, blogues de amigos, blogues de inimigos, blogues de defesa de identidades, blogues de opinião, blogues de sátira, blogues especulares e, sobretudo, blogues que misturam um pouco de tudo isto.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Todos e nenhum. Não vejo os blogues como espaços de informação, apesar de saber que por vezes colocam na agenda mediática temas que os meios de comunicação mais tradicional tendem a negligenciar. Por outro lado, não há melhor maneira de sentir o pulsar do quotidiano do que navegar por algumas das varetas do guarda-chuva.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Dei de caras com pessoas e textos estimulantes e obriguei-me a relacionar mais intimamente com o universo das novas (?) tecnologias.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
A facilidade com que se criam blogues aproxima-se, de facto, de uma espécie de utopia comunicacional (colocando de parte o tema da info-exclusão). Todavia, quem se expõe narrativamente – e a escrita blogosférica passa muito por aí – sabe que nunca é inteiramente livre. E não há mal nenhum nisso.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos, Batukada, Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva, Masson, João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete, Maria João Eloy, André Azevedo Alves, Sílvia Chueire, André Moura e Cunha, Helder Bastos, José Bandeira, João Espinho, Henrique Raposo, Jorge Vaz Nande, João Melo, Diogo Vaz Pinto, Alice Morgado e Sérgio dos Santos. Agenda para esta semana (19 a 24/02/07): Adolfo Mesquita Nunes, João Paulo Sousa, Pedro Ludgero, João Tunes, Miguel Cardina e Paula Cordeiro.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Rute Monteiro ao vivo (act.)*

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Ontem na Antena 1 com o Francisco (a entrevista está online: programa Escrita em Dia). Mas há mais: Na Atlântico haverá novidades a 28 e, outra vez, na Antena 1 na manhã do dia 4 de Março (com Pedro Rolo Duarte). Muito em breve, O Sol também abrirá o pano à cena (a 3 de Março). A Rute anda por aí. E há variadíssimos blogues que estão a fazer pré-publicações. Ela agradece a todos e espera mais uns dias para o fazer formalmente*. E, depois, já se sabe: no El Corte Inglés, com iguarias e tudo, no dia 6 de Março, em Lisboa, e a 13 no Porto (Gaia). Vou dando, a partir de agora, mais informações (e há algumas que prometem, juro).
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* Caro Henrique: as entrevistas do Miniscente são apenas um eflúvio livre sem grande critério, sem cálculo preciso quanto à natureza dos convidados e sem um horizonte fixo ou ancorado em fantasias. Nem sei bem como apareceram, era fim de Agosto de 2006 e eu estava a inventar a Rute Monteiro, e pareceu-me bem dar a voz em vez do leme da habitual polifonia. Acredita, pois, que, os até agora, incluídos e excluídos não o são por uma férrea e criteriosa grelha, mas antes por saltos caóticos ou "hermenêuticos" (as "apropriações" à Ricoeur). Por fim: é evidente que me sinto honrado com as pré-publicações, mas foi ideia da editora (não foram, desta vez, nem propostas, nem "pedidos" meus"!). Conclusão: fica desde já o Henrique OBRIGADO a responder em tempo record à Mini-entrevista! (a proposta é extensiva aos que sintam desejo de responder às Mini-entrevistas do Miniscente).

Mini-entrevistas/Série II – 133


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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é João Tunes, engenheiro químico reformado, 62 anos (http://agualisa6.blogs.sapo.pt).
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Um conjunto, mais contraditório que convergente, funcionando como"rede" de emoções, irritações, opiniões, lutos, sobras de afectos não realizados, vaidades e depressões. Por vezes, confluindo em simpatias e cumplicidades de circunstância. Outras, em despiques de verbo fácil e bílis à flor do teclado, também de circunstância. Num caso e noutro, nada de importante ou grave, pois. No fundo, uma tertúlia de cidadãos de todas as cores e feitios em estado anarquista. Mas é o primarismo (espontaneismo) comunicacional da "blogosfera" que faz o seu encanto e interesse. Ou seja, e no mínimo, melhor que qualquer sondagem. Porque o "blogger" mais comum é um cidadão em escrita no estado de estremunhado, em pijama social e político e antes do café da manhã do politicamente correcto. Menos composto, menos contido, menos cerimonioso, menos elaborado e menos rigoroso que no emprego, no transporte público, no partido e no jantar de família. Resumindo: menos socializado, mais humano.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamenteseguiu apenas através de blogues?
A candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Nenhum. A "blogosfera" não é vida e muito menos a vida. Não acreditando na vida para além da morte, também não creio na vida virtual.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Sim (sobretudo porque é gratuita). Para o bem e para o mal. Por isso, amais democrática. Logo, a mais interessante.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos, Batukada, Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva, Masson, João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete, Maria João Eloy, André Azevedo Alves, Sílvia Chueire, André Moura e Cunha, Helder Bastos, José Bandeira, João Espinho, Henrique Raposo, Jorge Vaz Nande, João Melo, Diogo Vaz Pinto, Alice Morgado e Sérgio dos Santos. Agenda para esta semana (19 a 24/02/07): Adolfo Mesquita Nunes, João Paulo Sousa, Pedro Ludgero, João Tunes, Miguel Cardina e Paula Cordeiro.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Blogues e Meteoros - 18

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(a partir de ontem no Expresso online)
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A liberdade e a escrita: literatura e blogues
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Uma pessoa pode ser livre e sentir-se livre, mas se veste o anoraque de escritor deixa imediatamente de o ser. Um escritor está sempre condicionado por uma forma que é a literária e por um universo que dita regras e eficácias de todo o tipo (técnicas, comunicacionais, hermenêuticas, etc.). No entanto, esses limites reais à liberdade é que acabam, paradoxalmente, por construir o horizonte de liberdade que o escritor pode, ou não, usufruir. Esse usufruto é afinal a sua liberdade. E quanto mais o escritor se sentir livre para contornar as narrativas que ‘andam no ar’ (aqueles ‘valores gerais’ – políticos, meramente ideológicos ou de “auto-ajuda”, como agora se diz – que são respostas para tudo), mais esse paradoxo da sua liberdade se torna eficaz e mais as vozes criadas pelo escritor serão tendencialmente vozes livres e, portanto, à procura de sentido.
A liberdade não é um presente que se receba do céu. É antes uma disposição individual e um entendimento geral que se poderão rever um ao outro no mútuo usufruto dos actos do quotidiano. A literatura é um desses actos, como qualquer outro. Pelo meu lado, nunca sacralizei a actividade, nem tão-pouco a entendi como particularmente “libertadora” no sentido de poder estar ao serviço de “causas”. É aí que ela, precisamente, deixa de ser usufruto para passar a não ser livre. Para passar a ser narrativa enclausurada em narrativa. Grande parte da história da literatura, do século XVIII para cá, foi feita nesta ou a partir desta clausura. E sem que ninguém sublinhasse o facto, ou pelo menos a importância que ela releva.
Nos blogues, a questão da escrita, em si, não é substancialmente diferente. O que muda é a provisoriedade (as formas em estado de permanente subtracção e adição), a enunciação síncrona e plural, a metacontextualidade (as formas criam o seu próprio contexto, deixando de haver um “de fora” e “um de dentro” evidentes), a reversibilidade (multimodalidade e coexistência de registos) e o incorpóreo (no sentido de um agregado que não é motivado por um centro mas por vários). O que muda é ainda e sobretudo a posição relativa entre escritor e auditórios, assim como o tipo de interacção que, na comunicação literária, acede ao estético e que, nos blogues, apenas acede à “estesia” (a simultaneidade entre a pura sinalização e um certo regresso ingénuo à poiesis: a linguagem que joga com a linguagem).
Seja como for, a liberdade nos blogues continua a não ser uma coisa oferecida. É o usufruto radical de um acto de escrita, no perpétuo pas de deux com os limites desse mesmo acto, que melhor escrutina e define a liberdade. Ela – a liberdade – estará sempre lá, potencialmente, como um gesto lapidar, ou insignificante, que pode ou deve avançar para além do corpo.

Ainda a Web 2.0

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Sou leitor do French Kissin' e gosto sinceramente dos textos cirúrgicos do João. Penitencio-me, por isso mesmo, por ter deixado passar em claro um post do João que visava uma anterior reflexão minha. A indiferença é a pior coisa que existe e a única desculpa que encontro para o meu alheamento deve-se ao caso Rute Monteiro (a antecipação ficcional do meu romance iniciou-se, de facto, um dia antes do post do João ter sido publicado). As minhas desculpas.
Quanto aos factos: o pretexto foi um debate na RTP2 e a minha crítica, ou a minha advertência, era a de que qualquer reflexão acerca da blogosfera deveria ser feita sem que nela inevitavelmente se projectasse o mundo dos media tradicionais. Por outras palavras: a comunicabilidade suscitada pelos blogues é de natureza diferente da que foi codificada pelos media em mais de dois séculos de vida. Por isso, concluindo, o meu ponto de honra era: não se analise (pelo menos ostensivamente) o xadrez com as regras do jogo de damas e vice-versa. Para além deste ponto (que tem merecido desenvolvimento e insistência em textos meus), constatava ainda no meu post que existe um certo mal estar entre alguns jornalistas (e não só) que, geralmente distanciando-se do mundo dos blogues, o pressentem como um incómodo que pauta pela mediocridade expressiva.
O meu erro foi não ter associado o blogger do French Kissin' ao João Morgado Fernandes que debatia na televisão (muitas vezes... ando na lua). Se o tivesse feito, é claro que a minha advertência se teria mantido incólume - é um dado que continuarei a reflectir -, mas a segunda parte, relativa aos que desconfiam com preconceito e má fé da blogosfera, jamais podia ter sido endereçada ao João. Errei, portanto, neste particular.
Agora, caro João: durante muitos anos estudei literatura profética e até fiz dessas espantosas relações entre o devir, as metáforas da salvação e a nossa relação com o tempo uma tese. E sei perfeitamente que o "messianismo" não se compadece com uma atitude reflexiva sempre inacabada e sujeita a permanentes interrogações. Há-de concordar que, nos meus livros (ensaios) e textos, é esse o tom que tenho emprestado (ou que faço por emprestar) às análises que desenvolvo. Daí que a "roda", mais do que uma invenção, seja, hoje em dia, sobretudo um processo. Quanto ao "que andam a fazer os escritores nos blogues" (a oportunidade da sugestão dá que pensar!) parece-me, mais do que uma "deselegância", um óptimo ponto de partida para uma nova série de interrogações que não deixarei em mãos alheias. Agradeço a ideia, João, e creio que vou agendá-la para muito breve.

Mini-entrevistas/Série II – 132


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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Pedro Ludgero, 34 anos, professor (http://cabodaboatormenta.blogspot.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Ainda estou em fase de enamoramento com esta nova atmosfera. Não só me seduz a ideia de uma rede de diários tornados públicos à medida que vão sendo feitos (os antigos diários também já eram recalcados pelo desejo de publicação, mas havia um período de mora entre a escrita e a partilha que podia chegar a confundir-se com uma vida inteira; nos blogues, o tempo é outro, a urgência impõe-se, o que me parece algo de novo), como aprecio a variedade de interesses, assuntos, tons, estratégias, com que nos podemos confrontar. Eu também tenho a minha identidade casmurra, mas confesso que tendo para um certo ecletismo: gosto de ler blogues tão inconciliáveis quanto O Melhor Anjo, o Pastoral Portuguesa, ou o Natureza do Mal.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Sou demasiado disperso para seguir um só acontecimento. E só tenho blogue desde fins de Agosto (de 2006).
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Por enquanto, tenho eu mais impacto no meu blogue do que ele em mim. Não me importava de conquistar leitores e descobrir amizades. Ou descobrir leitores e conquistar amizades.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Custa-me a acreditar que haja uma forma de expressão editorialmente livre. Todos escrevemos com o lápis azul das nossas fragilidades. No entanto, há na blogosfera qualquer coisa de arrivismo puro, a atitude de quem se tenta afirmar (e só se afirma quem é exigente) independentemente do circuito institucional e viciado da intervenção pública. Há blogues disparatados? Como também há jornais disparatados, e até jornalistas disparatados em jornais de referência.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos, Batukada, Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva, Masson, João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete, Maria João Eloy, André Azevedo Alves, Sílvia Chueire, André Moura e Cunha, Helder Bastos, José Bandeira, João Espinho, Henrique Raposo, Jorge Vaz Nande, João Melo, Diogo Vaz Pinto, Alice Morgado e Sérgio dos Santos. Agenda para esta semana (19 a 24/02/07): Adolfo Mesquita Nunes, João Paulo Sousa, Pedro Ludgero, João Tunes, Miguel Cardina e Paula Cordeiro.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Mini-entrevistas/Série II – 131


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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é João Paulo Sousa, 40 anos, professor(http://www.daliteratura.blogspot.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Designa um novo tipo de espaço público, que reproduz alguns dos defeitos e algumas das qualidades do espaço público tradicional.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Apenas através de blogues, suponho que nenhum. Sirvo-me mais deles como fonte de reflexões alheias, o que pressupõe mesmo uma certa distância temporal em relação ao acontecimento a que eventualmente se refiram. Digamos que eles me aparecem como um complemento aos outros meios de comunicação e de edição, mas não lhes atribuo qualquer importância exclusiva.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
A necessidade de gerir o meu tempo de modo a encontrar alguma disponibilidade para os ler. Pelo menos, para ler aqueles que gosto de visitar com regularidade.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Como a língua acaba por nos encerrar em determinado espaço e nos condicionar os leitores, julgo que subsistem na blogosfera alguns dos condicionalismos que marcam a actividade editorial tradicional, porque o receio de ofender A ou B, que se conhece ou a quem se devem favores, ou de quem se espera um qualquer reconhecimento, impede que todos digam exactamente o que pensam. Mas talvez nem isso fosse desejável, o que significa que esta é uma actividade editorialmente livre na medida das nossas possibilidades.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos, Batukada, Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva, Masson, João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete, Maria João Eloy, André Azevedo Alves, Sílvia Chueire, André Moura e Cunha, Helder Bastos, José Bandeira, João Espinho, Henrique Raposo, Jorge Vaz Nande, João Melo, Diogo Vaz Pinto, Alice Morgado e Sérgio dos Santos. Agenda para esta semana (19 a 24/02/07): Adolfo Mesquita Nunes, João Paulo Sousa, Pedro Ludgero, João Tunes, Miguel Cardina e Paula Cordeiro.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Mini-entrevistas/Série II – 130


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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Adolfo Mesquita Nunes, Advogado, 29 anos (http://aartedafuga.blogspot.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Não posso dar uma resposta definitiva porque, no meu percurso de leitor a blogger, a blogosfera foi significando coisas diferentes, consoante o tempo e as disposições. No entanto, penso que não resumo mal o percurso até ao momento se disser que a blogosfera corresponde, simultaneamente, a um suporte da minha liberdade de expressão e a um ponto de encontro de milhões de expressões livres.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Nenhum. Pelo contrário, penso que nenhum assunto dispensa os meios tradicionais de comunicação, que aliás muitas vezes desempenham um papel catalisador, lançando os primeiros termos da análise de um determinado tema.
Questão diversa, mas que penso relacionar-se com esta, é a de saber se existem acontecimentos que prefira seguir dispensando dos meios de comunicação nacionais.
Aí, diria que os dispenso tendencialmente nos assuntos de política internacional. Nesses casos, como não tenho um contacto directo com o acontecimento, procuro uma visão directa, neutra ou pelo menos não direccionada, com toda a legitimidade, para a esquerda.
Assim, por exemplo, qualquer assunto que envolva os EUA ou Israel carece, na minha opinião, de um acompanhamento maioritariamente feito através de blogues e de meios de comunicação estrangeiros.
Quanto aos assuntos de cariz nacional, porque deles vou tendo um conhecimento directo, posso com facilidade acompanhá-los por meios de comunicação nacional, descontando em cada leitura os apontamentos tendenciosos que possam existir.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Tornou-se um ponto de encontro indispensável, onde partilho ideias que julgava pouco defendidas em Portugal e as debato com pessoas de outros quadrantes de forma absolutamente enriquecedora para ambas as partes. Resultado dessa cumplicidade blogosférica, o surgimento de várias amizades.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
No meu caso, é absolutamente livre. Não vejo porque, nos outros casos, o não seja. O que não significa que a expressão não seja comprometida com valores, ideias, institiuições ou pessoas às quais os bloggers livremente aderem ou se associam.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos, Batukada, Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva, Masson, João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete, Maria João Eloy, André Azevedo Alves, Sílvia Chueire, André Moura e Cunha, Helder Bastos, José Bandeira, João Espinho, Henrique Raposo, Jorge Vaz Nande, João Melo, Diogo Vaz Pinto, Alice Morgado e Sérgio dos Santos. Agenda para esta semana (19 a 24/02/07): Adolfo Mesquita Nunes, João Paulo Sousa, Pedro Ludgero, João Tunes, Miguel Cardina e Paula Cordeiro.

domingo, 18 de fevereiro de 2007

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Mini-entrevistas/Série II – 128


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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Sérgio dos Santos (http://myguidetoyourgalaxy.blogspot.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Tentar definir a blogosfera de forma a que alguém que lhe é totalmente alheio e não conheça ao menos parcialmente o espectro dos seus conteúdos é equivalente a providenciar uma explicação totalmente abstracta da Internet a quem não está consciente das suas extensas possibilidades. A blogosfera é um mecanismo de suporte virtual que, à semelhança de outros meios de comunicação, permite uma maior proximidade entre indivíduos e eventuais comunidades, muitas vezes criadas por existência de interesses comuns, a que estes pertençam. Não possui qualquer significado concreto para além da sua organização material e estrutural, assim como não o têm quaisquer outras das formas de transmissão de informação mais comuns como os livros, as revistas temáticas ou a televisão, o que torna extremamente difícil explicar todas as implicações do conceito a quem não lê (ou se recusa a ler) blogues, da mesma forma que é praticamente impossível consciencializar um iletrado para a importância da leitura sem que este compreenda à partida que a relevância da faculdade de saber ler não consiste na transcendência dos grafemas aglomerados, mas no significado que a eles se atribuem e toda a quantidade de conhecimento transferível, acumulável e assimilável que potenciam. Desta forma, a blogosfera constitui um universo extremamente vasto onde é possível encontrar praticamente de tudo – divulgação de notícias e opinião sobre os eventos mais relevantes, informação e análise relacionada com respeito a assuntos académicos de distintas áreas, receitas gastronómicas, diários pessoais, obras de carácter literário, curtas-metragens, humor, etc.
A grande diferença relativamente à era anterior à profusão da blogosfera – que não é mais do que o conjunto de todos os blogues e a interacção por estes e entre estes gerada – é o facto de que, com a sua existência, o acesso a estes conteúdos por parte de quem os procura tornou-se infinitamente mais fácil, rápido e barato e abriu uma miríade de possibilidades para quem os deseja disponibilizar. Dado que os únicos requisitos para a criação são o desejo de a concretizar, a posse de recursos informáticos adequados e o conhecimento para os utilizar, aquilo que anteriormente estava extremamente condicionado – por uma procura que teria de necessariamente sustentar os gastos existentes com a publicação do que se deseja produzir – e sujeito a uma hierarquia de difusão que influenciava de forma determinante o universo geográfico da sua distribuição, a flexibilidade e alcance do que se pode fazer online, como o debate de ideias ou discussão de teorias, modificou-se imenso no sentido positivo. Muitos destes condicionamentos previamente impostos foram, em larga escala, quebrados – actualmente qualquer pessoa em Portugal pode escrever sobre um acontecimento que ocorreu há poucos minutos e estar a ser lida nesse mesmo instante por outra na Nova Zelândia sem que nenhuma delas tenha custos adicionais directos por enviar ou receber esses dados. Já para não referir o facto de que a interacção entre estas duas pessoas tem a probabilidade de ser muito mais dinâmica e directa do que a observada em qualquer outro meio de comunicação deste género.
Claro que existem muitas outras formas de analisar ou compreender a blogosfera, seja do ponto de vista de toda a psicologia social que envolve – afinal, continuamos a falar de seres humanos – ou das implicações económicas e sociais em que se traduz (e em que se traduzirá no futuro) mas isso provavelmente escapa ao âmbito de uma impressão mais imediata do que é, efectivamente, a blogosfera.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Não creio ter seguido nenhum acontecimento específico somente através de blogues mas utilizo-os frequentemente como forma de aceder a informação que está disponível em publicações online. Uma vez que existem diversos blogues que funcionam como portais temáticos e, directa ou indirectamente, acabam por funcionar como resumo de notícias que sejam relevantes para o objectivo do blogue em questão, tornam-se extremamente úteis como fonte de compilação de informação que, de outra forma, estaria totalmente dispersa e seria bastante mais difícil de reunir. Em muitas ocasiões, na ausência de blogues, tal busca requereria gastos muito mais elevados pela necessidade de adquirir publicações específicas, uma perda de tempo muito superior e um esforço desnecessário. Se se conhecerem os blogues certos escritos pelos autores certos, a eficiência do fluxo de informação que desejamos obter aumenta assustadoramente.
Por outro lado, não é raro acompanhar os textos de alguns autores de blogues cuja opinião se valoriza mais do que as que predominantemente encontram maior eco nos meios de comunicação social. E, obviamente, isto não ocorre exclusivamente no domínio político, mas também no científico ou artístico.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
O impacto mais significativo de todos foi provavelmente o de passar a ler alguns deles com muita frequência, o que fez com que uma grande percentagem do meu tempo total dedicado à leitura tivesse passado a ser ocupada por eles. Este efeito torna-se mais significativo e visível quando também se sente compelido a escrever. Quando se tentam conjugar ambos com outras actividades, que muitas vezes não estão nada relacionadas entre si, depara-se com o fenómeno dos dias demasiado curtos.
Existiram, claro, outros impactos para além deste, mas esses apenas a médio prazo poderei determinar se foram ou não marcantes.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
De forma geral, não. A maior parte das pessoas tendem a formular a sua impressão sobre este assunto com base na sua experiência pessoal, referindo-se ao país onde vivem e onde costumam ler e escrever. No entanto, como em quase tudo o que se refira a matérias relacionadas com liberdades individuais, a verdadeira resposta a essa pergunta estará sempre dependente do local a que nos referimos. Em diversos países foram já presos autores de blogues por afirmações que fizeram ou simplesmente pelo facto de as ideias que regularmente expressam no seu espaço de opinião serem consideradas um delito. Em termos estritamente editoriais – que digam apenas respeito à organização interna de um blogue e não à lei vigente na localidade onde este é publicado (a que serviços de hospedagem acabarão por estar sempre submetidos) – a liberdade é total. A menos, claro, que o blogue seja colectivo e possua um critério que impeça os co-autores de exprimir a sua opinião sobre um dado assunto ou de o fazer de alguma forma específica, mas isso será sempre uma imposição a que ninguém está forçosamente obrigado a menos que pretenda livre e voluntariamente aceitar essa condição em troca da possibilidade de participação no referido espaço.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos, Batukada, Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva, Masson, João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete, Maria João Eloy, André Azevedo Alves, Sílvia Chueire, André Moura e Cunha, Helder Bastos, José Bandeira e João Espinho. Agenda para esta semana (de 12/2 a 17/2): Henrique Raposo, Jorge Vaz Nande, João Melo, Diogo Vaz Pinto, Alice Morgado e Sérgio dos Santos.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Treze curtas & carnavalescas

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A mais curta história operática
Levanta-se e fica a observar os vidros da janela. São cortinas de renda branca presas aos lados, quase suspensas. Passa pela sala, ouve os ponteiros do grande relógio e coloca os narcisos na jarra chinesa. Antes de desmaiar, Maria Callas volta a montar o cavalo que já tinha entrado em casa.
A mais curta história de Natal
Na árvore de Natal, ao lado das estrelas e dos farrapos de algodão, estava pendurado um louva-a-deus. Roger Moore ainda perguntou a sorrir o que aquilo queria dizer, mas, de repente, o bicho agigantou-se, abriu os seus olhos vermelhos e comeu-o.
A mais curta curta-metragem
O raccord da sequência anterior - Amália dá dois saltos no ar - é criado pela luz do candeeiro que lhe bate no peito. Sobre esta imagem é sobreimpressa a legenda “Fim”.
A mais curta promessa
Pode ler-se nos meus lábios.
A mais curta adivinha
Um morreu em Paris, a 16 de Agosto de 1900. O outro morreu nove dias depois em Weimar.
A mais curta novela mexicana
Carmen caiu pelas escadas e, depois de um suspiro, viu à sua frente o galã Javier. Lola aproveitou a altura para se vingar. Apertou o lenço embebido em clorofórmio na boca de Carmen, tirou a gravata a Javier e engoliu sem querer o microfone miniatura tinymike.
A mais curta história policial
Deus apareceu sobre o muro do quintal e Rosário disse "Foste tu!". Ele sorriu e adiou para sempre o julgamento final.
A mais curta história de malteses
Era uma vez um largo que era o centro do mundo na cidade de La Valletta.
A mais curta história fantástica
E D. Sebastião não era hermafrodita, nem centauro. Mas, mal abria os olhos, encarnava ao mesmo tempo em Carry Grant e em Debra Kerr.
O mais curto romance histórico
E assim se provou que Santo Agostinho era afinal um bom português.
A mais curta autobiografia
Almocei com Shackleton e Borges, no Verão de 1916, atravessei o Pacífico e voltei a Veneza como Marco Pólo para jantar com Coco Chanel.
A mais curta de um escritor maldito
Deportado em Plutão, Céline voltou a inscrever reticências na página em branco.
O mais curto guião cinematográfico
E Eva lá fugiu com a maçã. E o Diabo disse:
"It ain't over until the fat lady sings!"
The End.

Mini-entrevistas/Série II – 127


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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje a convidada é Alice Morgado (http://fantasticomelga.blogspot.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
A palavra blogosfera reporta-me para um mundo virtual em que todos têm opinião e mandam a sua farpa acerca do dia-a-dia ou relativamente a assuntos mais específicos, tal como no mundo real. A diferença é que, além de estarmos livres dos constrangimentos inerentes às conversas tidas frente a frente, cada um diz o que quer e só é ouvido por quem quer. Ora, isto pode levar à transmissão de mensagens inteligentes, pertinentes e coerentes, como, pelas mesmas razões, podem ser produzidas grandessíssimas asneiras. No fundo é um mundo paralelo sem inibições nem controlos.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Exclusivamente através de blogues não segui nenhum acontecimento, até porque na blogosfera não há propriamente objectividade (bem pelo contrário)... Mas muitas vezes há coisas das quais tenho conhecimento através de blogues, como por exemplo o caso Mateus, e há coisas que faço questão de seguir pela blogosfera, para conhecer e confrontar pontos de vista.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Os blogues, em particular o meu e um em que já participei, tiveram algum impacto na minha vida, pois permitiram-me estabelecer novas relações que passaram do virtual para o real, mas também me deram algumas dores de cabeça, no que respeita a relações antigas que se modificaram e deterioraram. Mas desde essa altura que faço questão de não deixar que a "blogosfera" afecte a minha vida pessoal, pelo simples facto de que é uma (ir)realidade paralela.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?

Acho que, feliz ou infelizmente, sim, é editorialmente livre, tal como disse na primeira resposta, é um mundo paralelo, virtual, sem quaisquer inibições nem controlos.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos, Batukada, Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva, Masson, João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete, Maria João Eloy, André Azevedo Alves, Sílvia Chueire, André Moura e Cunha, Helder Bastos, José Bandeira e João Espinho. Agenda para esta semana (de 12/2 a 17/2): Henrique Raposo, Jorge Vaz Nande, João Melo, Diogo Vaz Pinto, Alice Morgado e Sérgio dos Santos.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Comemorem-se 43 meses de Miniscente

UM DRAMA BREVÍSSIMO DEDICADO AOS MEUS LEITORES
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Os dois actores estão agarrados a ramos afastados da mesma ameixoeira.
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“Um homem livre de perigo, isento de riscos ou ostensivamente afastado da falésia nunca se salva.”
“E por que teria ele que se salvar?”
“Quem se fecha numa redoma… o que é que espera?”
“Se calhar, pode apenas ser alérgico à confusão.”
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Os mesmos dois actores correm agora em direcção ao mar e falam ao mesmo tempo.
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“Mas por que se salvaria alguém, independentemente do perigo, dos riscos, da falésia, ou da redoma?”
“Não sei. Por exemplo, no caso do futebol, a salvação é a bola no fundo das redes."
“Sim.”
“Ora o homem que não corre riscos não quer saber nem de redes, nem de bola e muito menos de futebol.”
“É verdade.”
“Por que salvaria ele, então?”
“E por que teria ele que se salvar?"
"Mas não estás a perguntar precisamente o mesmo que eu?"
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Os dois actores andam há dias sobre o gelo da Antártida.
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"Achas que esse homem, o tal que não tinha nada que se salvar, podia estar agora aqui connosco?"
"Sempre pensei que tu e ele fossem a mesma pessoa".
"E porquê?"
"Porque foste tu quem falou em salvação."
"E achas que eu me pendurava em árvores, me metia no mar em pleno Inverno e fazia milhares de quilómetros sobre o gelo só... por causa da salvação?"
"E por que tens tu que te pendurar em árvores, mergulhar no mar ou andar sobre o gelo?"

Pré-publicações - 15

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José Vegar, Serviços Secretos Portugueses - História e poder da espionagem nacional, A Esfera dos Livros, Lisboa (lançamento, hoje, na FNAC do Cascaishopping, 21.30h, com Anabela Mota Ribeiro).
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Pré-Publicação:
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"A máquina de investigação portuguesa comete alguns dos pecados capitais do ofício, nomeadamente os da dependência, da conflitualidade de competências, da reactividade, da fragmentação e da não associação com entidades exteriores ao sistema.
Em relação à dependência, esta agravou-se nos últimos anos, a partir do momento em que as associações criminosas começaram a usar a seu favor a globalização, e o terrorismo não local se manifestou.
A dependência informativa dos serviços portugueses em relação aos seus congéneres, e aos organismos supranacionais, é actualmente enorme, seguindo uma tendência comum em toda a União Europeia. Aliás, a UE aprovou recentemente o princípio da disponibilidade, que consagra, a partir de 1 de Janeiro de 2008, a obrigatoriedade de todos os estados membros disponibilizarem – através de acesso directo às informações, por bases de dados interligadas, e acesso indirecto, por pedido específico – os seus dados a qualquer investigador policial ou de espionagem, que deles necessite. A medida é aparentemente positiva, porque reforça a indispensável cooperação global, mas não deixa de agravar a dependência dos serviços dos países com pouca capacidade de pesquisa directa, onde se inclui Portugal, daqueles que ainda a mantêm, como é o caso dos ingleses e dos franceses.
A conflitualidade de competências, que produz a competição negativa pela obtenção do saber, e a sua dispersão depois de obtido, dá matéria para um interminável ensaio, dada a extrema complexidade do sistema português, um misto de caos estatal balcânico e da infinidade de bureaux públicos da república francesa nos anos 801.
No fundo, o problema tem origem no facto de todas as entidades do sistema se concentrarem no mesmo tipo de alvos e na mesma dimensão da realidade, salvo raras excepções, procurando, entre outros desígnios, executar o melhor possível a sua missão, mas também, simultaneamente, obter o máximo de controlo da área de segurança nacional."
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"Como é razoável concluir pelo que foi exposto, os serviços de espionagem portugueses enfrentam, num futuro próximo, um sério desafio para justificarem a sua existência. Objectivamente, a pesquisa interna pode ser feita pelas polícias, e a pesquisa externa por diplomatas e militares. A análise, talhada a partir dos exemplos internacionais mais recentes, pode ser executada por uma entidade de especialistas, com um efectivo relativamente reduzido, acesso a toda a informação obtida, e ligação directa aos decisores. Aliás, a reorganização recente da estrutura dependente do secretário-geral de Informações é uma tentativa tímida, e com uma configuração muito portuguesa, neste sentido.
No entanto, é extremamente hipócrita e redutor apresentar o problema nacional como estando relacionado apenas com os serviços de espionagem. O que está verdadeiramente em causa, há mais de uma década, é todo o sistema de segurança nacional de Portugal. Realmente, ao campo da pesquisa e da análise, interna e externa, deve-se juntar o universo militar e das operações especiais, também estes contaminados pelos mesmos problemas de duplicação de competências, competição de objectivos, e replicação de objectivos de trabalho.
O que acontece desde 1984, perante a passividade dos sucessivos governos, é que cada uma das entidades envolvidas, sabendo com a lucidez provocada pela realidade do terreno que os seus métodos e poderes são diariamente ultrapassados pelos alvos que perseguem, procura sofisticar esses mesmos métodos, obter mais recursos e alargar as suas competências, gerando uma máquina sem controlo, e, principalmente, sem comando estratégico.
A reforma do aparelho está por demais diagnosticada, e saber qual é o modelo adequado para o fazer funcionar é verdadeiramente uma questão secundária. A reforma exige uma reavaliação dos alvos, uma expressão clara e autoritária das especializações e competências, a abertura de canais efectivos de passagem da informação entre entidades, uma complementaridade e cooperação reais no trabalho exigido, e a criação de estruturas coordenadoras de comando e de recolha global e tratamento da informação. Assim sendo, obriga à eliminação de organismos, à retirada de competências, à passagem de saberes, e a adaptação dos vários grupos de profissionais da área a todo um novo modelo de funcionamento. Como é fácil de perceber, uma reforma deste tipo tem um alto preço político, que Governo algum até ao momento quis pagar.
O comodismo executivo seria facilmente aceitável por parte dos cidadãos noutra conjuntura geopolítica e de segurança nacional. Mas a verdade é que, queira ou não, o Estado português pertence a uma aliança política internacional que enfrenta ameaças reais, e que diariamente tenta encontrar as melhores armas para as enfrentar. Deste modo, os EUA e o Reino Unido desencadearam a maior reorganização dos seus aparelhos de segurança desde a Segunda Guerra Mundial, e The Economist garante que «a natureza, origem, análise e uso das informações nunca tiveram antes um papel tão central na política inglesa»1. Afinal, é tudo tão simples como a fórmula criada pelo perito americano Loch K. Johnson: «Numa paisagem estratégica infectada por ainda maiores incertezas, a necessidade de saber não só se mantém como cresceu2.»"
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