O trabalho que dá pensar num dia votado aos dons do trabalho! Quem sabe se o objecto do pensamento não será uma ou outra mudança neste blogue? Ou, talvez, vá-se lá adivinhar, tão-só uma grande almoçarada com amigos no próprio dia 1 de Maio? Tudo é possível (entretanto, as ameixas vão crescendo com força inusitada e segredam aos ramos da bela árvore que o tempo solar é já um comboio ascendente)!
Páginas
sábado, 29 de abril de 2006
sexta-feira, 28 de abril de 2006
A fita e a luz
Parai o barco!
e
Não, esta cidade não é da minha autoria. A única relação que tem com o Miniscente é que se chama Carmelo. Fica situada no sudoeste do Uruguai, a pouco mais de duzentos quilómetros de Montevideo. A actual cidade de Carmelo desenvolveu-se a partir da antiga aldeia de Víboras - imagine-se! - e foi fundada por José G. Artigas a 12 de Fevereiro de 1816 (fez este ano, portanto, precisamente 190 anos de vida). Claro que deverá fazer inveja a Buenos Aires.
Desliguei o rádio
Discurso directo
quinta-feira, 27 de abril de 2006
Ainda a nova Berlim
Elevações de Campo de Ourique
O mito geral
quarta-feira, 26 de abril de 2006
O encanto dos "mortinhos"*
Ouçamos Kate Robin, o guionista ("writer") e produtor:
e
Êxtases imateriais
Dois aforismos de 26 de Abril
Numa democracia, mais do que um espaço de reivindicação a outrem, não será a liberdade sobretudo um espaço de criação, iniciativa e autonomia?
terça-feira, 25 de abril de 2006
Cooperação estreita
e
"Hoje andei a passear um secretário de Estado finlandês pelo Bairro Alto, até há poucos minutos. A coisa tem mais pormenores, como reuniões de trabalho, uma ministra da Justiça loura, uma bochecha de porco com figos e um dossier com muitas folhas sem bonecos."
O peso da leitura
segunda-feira, 24 de abril de 2006
Memória breve
sábado, 22 de abril de 2006
Linhas de força
quinta-feira, 20 de abril de 2006
Ainda a Potsdamer Platz de Berlim
Ler aqui um estimulante artigo de Paulo Tavares sobre a Potsdamer Platz de Berlim (Arquitetura e esquizofrenia ou “não encontro Potsdamer Platz”-1). Há uma semana, percorri o que antes era o esvaziado espaço entre Leste e Oeste, hoje referências esvaídas e sem sentido. Mas permanece, entre o arrojo dos vidros e das formas, a sensação clara de que a arquitectura não resolveu o problema. Nem tinha que resolver. Uma praça desvivida será sempre uma memória e sobretudo um convite a uma futura sedentarização de paixões.
e
Obrigado ao João Palla pelo envio do site!
Beckettianas
quarta-feira, 19 de abril de 2006
Faz hoje quinhentos anos (act.)
COMUNIDADE ISRAELITA DE LISBOA
JUNTA-SE A ESTA NOBRE INICIATIVA, ATRAVÉS DA MOBILIZAÇÃO DOS
SEUS MEMBROS E SIMPATIZANTES
AMANHÃ, 4ª FEIRA - DIA 19/4 - ÀS 19 HORAS
NO LARGO SÃO DOMINGOS (AO ROSSIO).
SERÁ RECITADA A ORAÇÃO DE KADISH E IZKOR EM HOMENAGEM ÀS VÍTIMAS DESTE MASSACRE.
POR SER AMANHÃ AINDA "CHAG E YOM TOV" (7º DIA DE PESSACH) AGRADECEMOS QUE OS MEMBROS DA CIL PARTICIPEM
NESTA MOBILIZAÇÃO ESTANDO TODOS PRESENTES NA ORAÇÃO.
VENHA. PARTICIPE E TRAGA A SUA FAMÍLIA !
terça-feira, 18 de abril de 2006
Beckettianas
Uma vez, era sábado e Primavera, fui levado a uma casa de fadas perto do Amstel. Recebeu-me uma senhora de idade, alta, com um olhar penetrante. A escada era estreita, as paredes exíguas, mas o impensável sótão, esse, era amplo e estava repleto de pinturas, instalações e esculturas. Madeiras retorcidas, cromatismos fortes, materiais puros, aparências "COBRA", muito metal, ferrugem e uma clara aversão à plástica clean. Era o museu privado de um artista que mal tinha sobrevivido a um campo de concentração japonês, na Indonésia. Ouvi histórias, vi imagens, segui rastos. Havia até rostos a pairar num areal imaginário. Onde tinha eu já visto aquilo tudo? À saída, talvez devido a uma inexplicável empatia, a dona da casa, que era viúva do artista desaparecido, deu-me para as mãos a primeira edição do L’Innominable (excelente livro de 1953 da Minuit). Há vaticínios assim.
"Complexity and Color": acto final
Último acto: Pulo e Irene pisavam a terra e ao fundo havia árvores e rebanhos. E ao fundo havia ainda o orvalho que os segredava. Razão tinha a Cláudia quando pressagiou um lento e escondido amor por Pulo, o ressuscitado domador da lava.
Acto médio: Voreno pega na faca e a lua em pleno zénite escala ao limbo da mais pura tragédia. Níobe atira-se então da varanda como se fosse um meteorito sem redenção nem palavra: “The boy is blameless”. De repente, voltou de novo a não ser.
Acto único: Servília faz dos olhos de aço a sua própria parada maquiavélica. E assim se urde o mais do que previsível final desta excelente e já saudosa série: César cai no Senado, enquanto Voreno é arredado do seu caminho. Bruto reserva-se para o fim e só não tem a acompanhá-lo as celebradas palavras de Shakespeare. Marco António recua felinamente e Octaviano, ao sair de casa da astuta Servília, nem balbucia. O futuro é ainda uma suave conjura que parece arder muito ao longe.
Acto da alma: Uma coluna ergue-se nas ruas de Roma que aclamam a fúria e a voragem dos que se excedem. Gauleses e belgas piolhosos percorrem a cosmopolis. O pregador-mediador retalha a aragem com o seu gesto encenado. A sedução e o demónio afugentam-se e recobrem a frescura que os une. Os deuses sorrirão.
Acto de partilha: De hoje a oito dias, inicia-se a "Série V" de Six Feet Under. Foi bom ver o behind the scene (In Memoriam), enquanto esperávamos pelo último episódio de Rome (“Kalends of February”). Tenho a certeza de que a veremos em conjunto.
segunda-feira, 17 de abril de 2006
A barbárie volta a invadir Telavive
Regressou a barbárie: uma pessoa mata-se e voluntariamente mata mais dez pessoas indefesas à sua volta. Deixa dezenas de feridos pelos passeios e ostenta-se num filme como se o acto fosse uma glória.
Anteontem, o programa "Sessenta Minutos" entrevistou um ex-compagnon de route de Bin Laden. No final, o homem apresentava o seu filho e falava dele com ternura. Concluía, afirmando: "Sinto-me orgulhoso por educar o meu filho, para que ele possa amanhã ser um mártir. Essa é a grande diferença entre nós".
Quem diz que o mundo não está dividido por uma guerra? Nada de esquerda e direita, nada de minorias e maiorias, ou ricos e pobres, classes e sindicatos. Nada disso. É uma guerra que vale pelo significado do próprio mundo em que vivemos.
A minha Páscoa e o sabor do efémero
Mas quase sem dar por isso, não foi assim que aconteceu. A verdade é que me vi sem mais nem menos dentro de um avião e, apesar de ter estado variadas vezes na Alemanha, nunca tinha estado ainda em Berlim. Ao contrário do que se possa pensar, uma cidade muito imaginada acaba sempre por ser alvo fácil de um lirismo rasgado que se veste, aqui e ali, com horrores e fantasmas imprevistos.
Desta vez, a divisa não falhou.
O primeiro é já visto como coisa exótica, pretexto para venda de relíquias, síndrome de marketing essencialmente juvenil. Mas nada, ou pouco, se vislumbra sobre o real terror do comunismo. A ferida anda por lá, mas disfarçada e areada pela contemporaneidade arquitectónica, pelos vidros da nova Praça de Potsdam e pelos generosos investimentos da Sony.
O segundo recebeu o nome de “topografia do terror” e é objecto de visitas guiadas a pé de três horas. O bunker de Hitler, a sede da gestapo e outros labirintos diabólicos do género são apresentados elipticamente e ao ar livre. É curioso que, ao contrário do Check-Point “Charlie” que é contíguo a um museu sobre as desventuras históricas do muro de Berlim, o nazismo não seja tratado numa estrutura museológica fixa, nem tão-pouco seja alvo de uma intervenção urbana na zona da chamada “topografia do terror” (diga-se que o belíssimo Museu Judaico de Berlim supre parcialmente essa interessante lacuna).
No reverso destes dois "produtos", Berlim é hoje uma cidade pasmada de si, algo acinzentada, quase glacial, embora paradisíaca para designers, arquitectos, fotógrafos, músicos e amantes saudosos dos prodígios de Weimar. No entanto, para o mortal mais anónimo ou para o intelectual descrente da “criatividade da arte”, Berlim torna-se mal-parecida, reinventa-se pelo sabor do efémero e é alimentada por sombras sem grande encanto expressionista (a relação entre centros e periferia é um bom exemplo da exiguidade dessas sombras).
They could have done better.
domingo, 16 de abril de 2006
Vou ao Rossio na próxima Quarta-feira (act.)
sábado, 15 de abril de 2006
Miniscente ist ein berliner - 2
segunda-feira, 10 de abril de 2006
Miniscente ist ein berliner
sexta-feira, 7 de abril de 2006
O fluxo
e
Recomeçou a euforia das férias. Há um verdadeiro ardil na cidade. Faz-me lembrar as asas agitadas do canário bico de lacre: bicho branco, branquíssimo, mas com a excitação avermelhada a revoar-lhe os olhos. Comprei livros, errei pelas ruas e, antes de dar as últimas aulas, entrei numa agência de viagens. Existem de facto extra-terrestres que chegam ao planeta com semanas ou meses de atraso. A menina fixa-me os olhos, levanta o lábio e escarnece do figurão com íntima e sincera aleivosia: "Bilhetes para Cabo Verde, hoje, a esta hora!?" - Sorrisos, sorrisos doces como se eu fosse pató. Estamos sempre a aprender. Moral da história: talvez vá ver uma procissão a um qualquer pueblo andalus; sempre há-de haver um hostal desconhecido e duvidoso à beira da estrada, como se o destino sem rota fosse a Las Vegas de Mike Figgis. Ou será permitido, por exemplo, ficar em casa, sossegadinho, a ver o Canal Odisseia e a ler a Ignorância do Kundera?
Televisivas - 3
quinta-feira, 6 de abril de 2006
Televisivas - 2
Televisivas - 1
O cantinho de astracã
quarta-feira, 5 de abril de 2006
Sentidos e verdades
A razão, no alvor moderno, não foi capaz de enunciar-se de modo autónomo. Ao invés, preferiu entrar em cena contrapondo-se a algo que baptizou como sendo caduco e ultrapassado. Esse choque, geralmente caracterizado como o choque entre “mito” e “logos”, terá sido mesmo real? Hans Blumenberg sempre torceu o nariz a essa pergunta e preferiu, por isso mesmo, compreender o mito como algo que teria sempre sobrevivido entre nós. Longe de hibernar numa qualquer origem remota, para o prazer de antropólogos e de outras abelhas, o mito ter-se-ia antes sedimentado na galáxia da razão e, ao sabor romântico e nietzschiano, ter-nos-ia ainda conduzido à tentação do juízo estético que supera – ou contorna – uma definição precisa, analítica e estanque de valores. Cada vez mais, à medida que o tempo passa e à medida que a memória dessas leituras se esvai, sou levado a pensar que o homem tinha afinal toda a razão. Mandei vir, hoje mesmo via Amazon, a tradução inglesa de Arbeit am Mythos e de Die Lesbarkeit der Welt, entretanto perdidos no trajecto nómada das minhas estantes.
Espelhos do devir
terça-feira, 4 de abril de 2006
A fama
Liberdade, direitos e rede
"Complexity and Color"
e
No Senado, a paz parece luzir sobre Roma. Mas o fogo e a “faca sem lâmina” andam no ar. Uma brancura lívida que se espelha nas togas e que acolhe subterfúgios, hinos e traições no amplo anfiteatro de pedra. Neste circo de conversos, César é finalmente declarado imperador ("Let this be an end to division and civil strife"). Seguir-se-ão cinco dias de festas, banquetes e beberetes. Além do triunfo que inclui a imolação do rei gaulês (um Frank Zappa já sem voz).
Enquanto a volátil Átia visita Servília (feras imobilizadas pelo mel), Octaviano dirige o ritual que prepara a grandeza do desfile triunfal: um sacrifício que doa ao rosto de César a mancha de sangue que o liga, ao mesmo tempo, à intimidade de Marte e à intemporalidade. Segue-se a imolação, o colorido da massa e a festa. A devoração, evocação e a carne. Noutros palcos, as clivagens avivam-se: Pulo e Voreno de um lado, Servília, Quintus e Brutus do outro.
Como vêem, mantenho a tendência fugaz e elíptica. Há um crescente resguardo nas palavras à medida que a densidade das imagens faz mundo (mesmo assim, espero corresponder às legítimas exigências do Rui e do Zé Mário). Afinal de contas, esta Roma é como o Guadiana de Pulo do Lobo: faz da lenta erosão o fulgor das suas águas.
Acção!
Romance de acção? Ora leia-se a sinopse do livro de que hoje Jacques Steinberg faz eco no The New York Times (Between the Bridge and the River de Craig Ferguson). O romance não faz por menos: envolve na mesma teia Sócrates, Sinatra, mulheres fatais homicidas, Larry King, Carl Jung, evangelistas televisivos, etc.
E
“Its main characters include two old friends from Scotland, one of them a television evangelist whose program is derailed by a sex scandal; a femme fatale who has killed off six husbands; and a pair of half brothers sired by Frank Sinatra and Peter Lawford in their Rat Pack days. ("Ring-a-ding-ding," Mr. Ferguson writes, appropriating one of Sinatra's signature lines). Among the other figures who make cameos, as Mr. Ferguson sends up Las Vegas and Hollywood, to say nothing of Christianity, Scientology, television news and the escort industry, are Carl Jung (wearing a Cossack's uniform in one dream sequence), Larry King and Socrates.”