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No Senado, a paz parece luzir sobre Roma. Mas o fogo e a “faca sem lâmina” andam no ar. Uma brancura lívida que se espelha nas togas e que acolhe subterfúgios, hinos e traições no amplo anfiteatro de pedra. Neste circo de conversos, César é finalmente declarado imperador ("Let this be an end to division and civil strife"). Seguir-se-ão cinco dias de festas, banquetes e beberetes. Além do triunfo que inclui a imolação do rei gaulês (um Frank Zappa já sem voz).
Enquanto a volátil Átia visita Servília (feras imobilizadas pelo mel), Octaviano dirige o ritual que prepara a grandeza do desfile triunfal: um sacrifício que doa ao rosto de César a mancha de sangue que o liga, ao mesmo tempo, à intimidade de Marte e à intemporalidade. Segue-se a imolação, o colorido da massa e a festa. A devoração, evocação e a carne. Noutros palcos, as clivagens avivam-se: Pulo e Voreno de um lado, Servília, Quintus e Brutus do outro.
Como vêem, mantenho a tendência fugaz e elíptica. Há um crescente resguardo nas palavras à medida que a densidade das imagens faz mundo (mesmo assim, espero corresponder às legítimas exigências do Rui e do Zé Mário). Afinal de contas, esta Roma é como o Guadiana de Pulo do Lobo: faz da lenta erosão o fulgor das suas águas.
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