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domingo, 7 de março de 2004

Conversas da febre



Poder livremente comparar as metáforas da espera de Godot e de Penélope. Ou seja, pôr lado a lado dois modelos universais, baseados na apreensão e na dramaticidade de um desfecho; no preenchimento da duração em função de algo que está ausente no viver-se do presente sempre-construído-ali; no desígnio último e derradeiro que legitima o próprio ser-se, até porque é esse desígnio do ainda-não, ou do ainda-nunca actualizado, que faz luzir o próprio acontecer do tempo-a-passar. Tanto tempo que eu também fico à espera. Augurando o que desconheço. Perseguindo o rasto de uma melancolia antiga. Comparando Godot e Penélope, mas sem o saber.