quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Para quem adora abismos e rumores - II

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Ainda a propósito da atracção que a larga maioria dos comentadores e intérpretes da actualidade tem pelas visões apocalípticas e abismadas, valeria a pena fazer uma recolha de crónicas e textos que, desde ontem, se publicam por esse mundo fora. Eu guardo em minha casa, em arquivo, uma série homóloga que se reporta a publicações dos últimos meses de 1999 (e aqui o leitmotiv da crise era apenas numérico). Antes, em 1998 e em 1993, os cenários também foram férteis. Vou, pois, passar a dar uso à tesoura. Há muito por onde escolher e esse materil sempre pode, mais tarde, vir a ser utilizado (não apenas parodicamente). A crise, dizia Kermode (por outras palavras), é um modo de atribuirmos coerência interpretativa à turbulência do nosso próprio tempo: um jogo de expectativas, uma anamorfose que se tenta aproximar da realidade, sempre bem mais complexa do que a nossa capacidade em elaborar diagramas e/ou descortinar receituários. Pobre Sócrates, quando é utilizado, qual gota de orvalho, nesta discussão!