segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Viva a reacção!

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E o facto é que as pessoas adoram proclamações que as acordem da letargia, que as animem ou que as transformem em reguladoras de todos os males do planeta. As pessoas gostam de receitas fáceis, de milagres, de discursos em que tudo bata certo. As pessoas gostam de ter inimigos, fantasmas terríveis e bodes expiatórios que saciem as fragilidades, perdas e inconsistências. É da natureza humana. Muitas vezes não é “a causa” o que ‘está em causa’, mas sim o incontrolado ímpeto que leva as pessoas a ajuizar e a condenar objectos e práticas deste mundo com a mesmíssima lógica que terá inspirado as “Noites de Cristal”.
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Eu deixei de fumar em Março de 1997 e, portanto, não sou parte interessada na grande revolução de 1 Janeiro de 2008. Nem nunca o seria. Porque o mais grave é perceber que, à medida que a liberdade parece consolidar-se na
nossa vida pública e, fundamentalmente, na iniciativa de cada um de nós, mais estes fascismos invisíves parecem despertar e imolar a nossa tentação democrática. E o pior é verificar que, neste sistema (determinista) de vasos comunicantes, o vaso fascista se vai impondo à singularidade expressiva. Tenha que natureza tiver.
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Na próxima quinta-feira, aprofundarei o tema na minha crónica habitual do Expresso Online. BOM ANO!