sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Pré-publicações - 64/65

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Martin Gayford, A Casa Amarela - Van Gogh, Gauguin e nove turbulentas semanas em Arles, Bizâncio, Lisboa, 2007.
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Pré-Publicação:
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"(...) A impressão que Gauguin causava normalmente nas pessoas era de uma força contida, tanto física como psicológica. Fisicamente, tanto Gauguin como Van Gogh eram baixos, mesmo pelos padrões da França do século XIX. A marinha francesa, em que em tempos tinha servido, registava a altura de Gauguin como sendo um 1,63 m, mas ele achava-se alto e de perna comprida. Archibald Standish Hartrick, um escocês que o conheceu na Bretanha, achava Gauguin «uma bela figura de homem».
Vincent transmitia a impressão oposta. Quando vivia na Holanda chamavam-lhe, depreciativamente, «het schildermanneke», «o pequeno pintor». Um vizinho holandês recordava-o como «bem constituído », mas não era assim que a maioria das pessoas se lembrava de Vincent ao longo dos anos seguintes. Hartrick considerava-o «um homenzinho um tanto enfezado, de feições vincadas». Um dos profissionais do hospital de Arles, o Dr. Félix Rey, achava-o um espécime ainda mais desinteressante — «miserável, patético... baixo e magro».
Embora Gauguin tivesse tendência para impressionar à primeira vista, nem toda a gente gostava dele depois de o conhecer melhor. Muitos dos membros do pequeno grupo de pintores parisienses de vanguarda desconfiavam dele, ou eram-lhe mesmo hostis. Camille Pissarro, por exemplo, que a certa altura tinha acolhido Gauguin sob a sua asa protectora, acabou por ver nele um ladrão das ideias de outros artistas, e o jovem pintor Paul Sérusier achava que havia nele uma faceta dúbia, uma certa dose de fingimento e também de crueldade. «Fazia-nos pensar num bufão, num trovador e num pirata, tudo ao mesmo tempo.»
Gauguin tinha modos reservados. Falava numa voz triste e rouca. Tinha, na descrição de um escritor chamado Charles Morice, «um rosto grande, ossudo e sólido e uma testa estreita». A boca era direita e os lábios finos, e tinha «umas pálpebras pesadas que se abriam indolentemente sobre uns olhos azulados ligeiramente salientes que giravam nas órbitas, olhando para a esquerda e para a direita quase sem que o corpo ou a cabeça tivesse de se dar ao trabalho de se mexer»."
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Nigel Warburton, O que é a Arte?, Bizâncio, Lisboa, 2007.

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Pré-Publicação:

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"A questão da arte parece mais adequada a uma resposta filosófica do que a uma resposta artística. Contudo, tal não significa que a filosofia tenha uma resposta simples. De facto, um dos resultados do estudo da filosofia é a tomada de consciência de que a maioria das perguntas aparentemente simples não tem uma resposta simples.
A filosofia pode fornecer uma base teórica para as nossas crenças mais queridas; mas também pode, do mesmo modo, mostrar quão pouco sabemos. O oráculo de Delfos considerou Sócrates o homem mais sábio de Atenas, o que o surpreendeu, pois Sócrates sentia que não tinha a certeza de coisa alguma. Porém, ao questionar quem estava seguro dos seus conhecimentos o filósofo acabou por perceber que o oráculo tinha razão. A sua sabedoria consistia em conhecer os limites do seu conhecimento, ao passo que os outros emitiam dogmaticamente opiniões indefensáveis. O meu objectivo neste livro é pôr a claro um conjunto de posições indefensáveis, revelando os contra-argumentos e os contra-exemplos que as põem em causa.
Dada a dificuldade de dizer algo positivo e verdadeiro acerca da arte, pode ser tentador rejeitar em bloco a questão da arte. Para quê darmo-nos ao trabalho de filosofar acerca das obras de arte? Barnett Newman sugeriu que os artistas precisam tanto da teoria da arte como as aves da ornitologia. Mas há uma verdadeira questão aqui, que merece ser examinada, precisamente por ser tão enigmática. E quanto mais os artistas põem em causa a noção do é que a arte, mais enigmática parece tornar-se."

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