terça-feira, 25 de setembro de 2007

Cerveja e literatura - 17

e
O livro de Malcolm Lowry, por que me apaixonei há muitos anos, reúne duas narrativas e tem um título que se propaga como o eco nos grandes espaços inexplorados: Hear Us O Lord From Heaven Thy Dwelling Place & Lunar Caustic. Das 347 páginas da edição que tenho em casa (Penguen Books, 1979), há uma tradução parcial portuguesa (da p. 26 à p. 99) correspondente ao capítulo Through The Panama (Através do Panamá) da primeira das narrativas. No início do meu romance As Saudades do Mundo (Editorial Notícias, 1999), coloquei os meus personagens no mesmo barco (o "Diderot") que Lowry fez sair de Vancouver. Trata-se de uma viagem iniciática, alcoólica e visionária. A certa altura, já com vinte e três dias de viagem, o "Diderot" aporta em Curaçao. E é aí que surge a passagem "deliciosa" que, finalmente, sabe a cerveja (de facto, já chegava de tanto rum!):
e
"(...) uma cidade deliciosa, muito limpa, ordenada e holandesa; telhados aguçados, vermelhos, como um conto de fadas holandês nos trópicos. Água verde-azeitona com uma película de óleo. A brisa marinha fede.
Tendo carregado uma caixa de rum, fomos a terra: ruas:
e
Amstelstraat: 10 C, Pinto & Vinck.
Koninklijke Nederlandsche.
Stoomboot-Maatschappij N.V.
e
– e:
e
e e Hoogspanning
Levensgevaar
Peligro de muerte
Electricidad
Danger
d
Como nos divertimos!
e
- Marinheiros, visitai a nossa terra: Cinelândia: Klipstraat (bom nome?): Entrem! Cerveja Fresquinha! Restaurante La Maria: Emma Straat: Cornelis Dirksweg:
e
Leonard B. Smith – Plein: Borrairesstraat: Jupiter – Amsterdam...
e
Árvores com sombrinhas achatadas.
Numa rua com os bancos estranhamente fechados por ser domingo, que me fizeram pensar nos Buddenbrooks, refugiámo-nos duma chuvada no Wonder Bar (...)"
e
(Malcolm Lowry, Através do Panamá, tradução: Anna Hatherly; Relógio d’Água, Lisboa, 1991, p. 57)
e
Nota: o "Blogger" não aceitou a disposição gráfica do original. Contudo, as alterações (necessariamente introduzidas) são insignificantes.