sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Truman Capote

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Acabo de ler um romance caracterizado como "precoce" que, de facto, viria a ser escrito e rescrito pelo seu autor durante anos e anos, mas jamais publicado. Esse primeiríssimo texto romanesco de Truman Capote, iniciado em 1943, foi descoberto (no passeio!) pelo porteiro do prédio de Brooklyn que o escritor abandonaria mais de duas décadas depois. Travessia de Verão é o nome deste romance póstumo de Capote que a Dom Quixote fez aparecer entre nós na Primavera passada. Não tendo podido fazer a pré-publicação, devo, no entanto, referir que o material tem imenso vigor, alimentando-se, numa história simples mas particularmente eficaz, do impacto do imponderável. Sem recortes judicativos, uma menina da alta novaiorquina e um vigilante de um parque de estacionamento desafiam a fixidez do mundo e antecipam, no desenlace, a alquimia do "muro" criada por Paul Auster em A Música do Acaso através da figuração da Ponte Queensboro. A ler. E a reler.