segunda-feira, 14 de maio de 2007

Mini-entrevistas/Série II – 149


LC
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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Nome: Luís António Martins dos Santos, Docente universitário (Departamento de Ciências da Comunicação – U. Minho), 39 anos.
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Falar da Blogosfera já equivalerá, neste momento, a falar de ‘imprensa’ ou de ‘edição livreira’, por exemplo. Ou seja, se falarmos desse imenso espaço (o Technorati diz que já segue uns milhões) de edição pessoal como uma entidade una não passamos, certamente, de generalizações.
Esse lugar em que co-existem blogs, podcasts e wikis (para referir apenas os formatos mais populares) é tão imenso e tão variado que sinto dificuldade em encontrar uma só imagem para o descrever. Diria que as várias blogosferas são novos espaços de interacção social com particularidades; umas emanando directamente do formato – como um certa cultura de valorização do novo, uma predominância de um tipo especial de escrita (curta, dinâmica e com referências externas), uma facilidade enorme de disseminação de informações (Links, trackbacks, feeds de rss) – outras resultantes, sobretudo, da percepção de que estaremos perante espaços absolutamente distintos – a existência de regras de ‘presença’ e de relacionamento fluidas e a relativa desvalorização do ‘estatuto social físico’, por exemplo.
Creio que, no caso particular dos blogs (e não tanto no caso das salas de chat), o discurso sobre a alter-existência, sobre a duplicidade de registos (o eu físico e o eu virtual) não colhe. Pelo menos não colhe para as blogosferas que conheço. As existências ‘blogosféricas’ com as quais mais contacto são bem reais e, no mais das vezes, indistintas (na essência) das existências ‘off-line’ dos autores.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Com franqueza, ‘apenas através dos blogs’, não me recordo de nenhum de forma muito explícita. Mas isto acontece, parece-me, porque no meu ‘bloglines’ não tenho uma pasta especial para blogs e um outra para feeds de órgãos de informação. Está tudo misturado e a separação é feita pelos temas.
Há, porém, assuntos que foram despoletados na blogosfera e que segui com atenção, sendo que a sua presença nos ditos media tradicionais foi consideravelmente mais reduzida. Lembro-me, por exemplo, da recente polémica sobre a ‘net neutrality’.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Os blogs são, para mim, em simultâneo, espaço de recolha de sugestões, espaço de anotações e espaço de debate.São um universo de estímulos, um lugar de inquietude permanente. E isso – acho – é espaço vital para um curioso obsessivo como creio ser.
Aprendi muito nestes três anos que levo de interacção mais directa com os blogs e creio que, nesse particular, a minha ‘conta corrente’ vai sempre estar negativa.
Foi através dos blogs que conheci muitas pessoas com interesses semelhantes aos meus e que com elas partilhei algumas dúvidas. Foi, ainda, através dos blogs que conheci muitas pessoas pelas quais fui surpreendido.
Os blogs afastaram-me da televisão…e também isso vejo como um desenvolvimento positivo.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Não será nem mais nem menos do que todas as outras, se considerarmos (como eu faço) que ‘editorialmente livre’ é coisa
indissociável de ‘editorialmente responsável’.
Se esse for o nosso entendimento, aplicam-se todas as regras conhecidas (as legais e as do bom senso) sem grandes diferenças. E isso deixa-nos suficientemente livres para criar, assinalar, coleccionar, debater ou expor. Tudo, de uma forma mais simples e barata do que no passado.
A blogosfera não resolve problemas, não altera equilíbrios e não existe como espaço neutro (higienizado, se quisermos). Ela é, ao mesmo tempo, motor e reflexo e, nisso, importa passivos e activos de outros ambientes. É, portanto, tão restritiva e tão livre quanto os enquadramentos (e as pessoas) que participam, naquele momento, na sua construção.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos, Batukada, Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva, Masson, João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete, Maria João Eloy, André Azevedo Alves, Sílvia Chueire, André Moura e Cunha, Helder Bastos, José Bandeira, João Espinho, Henrique Raposo, Jorge Vaz Nande, João Melo, Diogo Vaz Pinto, Alice Morgado e Sérgio dos Santos, Adolfo Mesquita Nunes, João Paulo Sousa, Pedro Ludgero, João Tunes, Miguel Cardina, Paula Cordeiro, Edgar, André Azevedo Alves e Inês Amaral, David Luz, Saboteur, João Miguel Almeida, O Impensado, Hugo Neves da Silva, Paula Capaz, João Pinto e Castro, Sandra Ferrás, Alberto Lyra e Carlos Araújo Alves.