segunda-feira, 17 de julho de 2006

Modos de vida - 1

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Hoje em dia, a má-fé e a boa consciência parecem andar de mãos dadas. O terrorismo passou a ser visto com uma raríssima tolerância histórica, enquanto o devir democrático passou a ser envolvido pelo manto do "excesso", da "desproporção" e até da "tirania". O caudal doméstico de imagens e o discurso dos peritos extremam as posições e alimentam a quase cegueira (tudo parece posicionar-se ao mesmo nível - aparentemente reivindicativo e denunciador -, sem que os valores correspondam a uma linguagem própria no meio da amálgama). O Ocidente há-de desaparecer um dia, não pela força do que foi descobrindo nos últimos dois a três séculos da sua vida (um novo tipo de convivialidade livre e democrática), mas antes pela determinação do uso autofágico da liberdade. Os Hezbollahs deste mundo ficarão eternamente agradecidos aos nossos revoltados de boa consciência. E não sejamos demagógicos e patéticos, no meio das injustas derivas da violência: bem sabemos que a guerra é sempre terrível e abominável. Mas é mais modo de vida de uns e mais meio de defesa de outros.