quinta-feira, 27 de julho de 2006

“Como Tito na Jugoslávia”

Kiryat Shmona (Israel), LA Times
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(Texto da autoria de Carmo da Rosa sobre a actualidade do Médio-Oriente. Expedido de Amesterdão)
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A existência de Israel é tão importante para os países do Médio-Oriente como o petróleo para os americanos.
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Por outras palavras, Israel está para o Médio Oriente, assim como Tito para a Jugoslávia. Sem Israel, então é que estaria o caldo entornado. Seria o pandemónio total entre sunitas e chiitas, entre sunitas moderados e wahabitas, entre alavitas e chiitas da linha khomeinista, salafistas e tablequistas, entre o Hamas e o Fatah.
O que faz com que haja uma ‘união’ (periclitante, muito temporária e constantemente ameaçada) entre todas estas franjas, é a existência de ‘Eretz Israel’, o inimigo comum. E em torno deste tema afirma Dirk Vlasboom que, apesar de ser communis opinio que os políticos árabes elevaram a manipulação da religião até ao último requinte, a verdade é que a religião não é no Médio Oriente propriamente o motivo, mas antes um meio de mobilização muito eficaz.
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Efraim Karsh remete para ‘o mundo das fábulas a popular opinião de que a crise no Médio-Oriente é apenas uma reacção à política do Ocidente.’ E lembra que enquanto ‘Jesus falava no Reino dos Céus, Maomé servia-se do nome de Deus para criar um Reino Terrestre.’ E que nas décadas posteriores a 1948 ‘os países árabes manipularam a questão palestina para os seus próprios objectivos. Nem o Egipto, nem a Jordânia concederam autonomia aos palestinos nos territórios da Palestina que ocuparam na altura, respectivamente a Cisjordânia e a faixa de Gaza. Os palestinos foram guardados durante anos em campos de refugiados miseráveis apenas para que a situação pudesse ser atirada à cara de Israel e, naturalmente, para alimentar o panarabismo.’
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Nasser, o presidente do Egipto, ‘foi em 1956 franco demais para um jornalista ocidental: “Os palestinos são necessários para os estados árabes”; “temos que fazer com que eles nunca se tornem muito poderosos”. Ainda em 1974 dizia o presidente da Síria Hafez el Assad que os palestinos não somente fazem parte da pátria árabe, mas incontestavelmente do sul da Síria. E até à sua morte, em 2000, nada indica que tivesse mudado de opinião. É lamentável que a esquerda pro-palestina não queira ver esta realidade