terça-feira, 6 de setembro de 2005

Constituição europeia: um funeral demorado


Na Europa política os factos são muitas vezes meras dissimulações. Mesmo quando toda a gente vê que o rei vai nu, os políticos de Bruxelas preferem amiúde sorrir e acenar na direcção das nuvens. É por isso que não foi possível dissuadir a tempo a hermética aventura de Giscard d'Estaing. Passados alguns meses, Durão Barroso parece ter posto finalmente a mão na consciência:

"Num futuro próximo, não teremos constituição. Isso é óbvio. Não estou a ver qualquer fórmula mágica que a possa ressuscitar. Em vez de discussões intermináveis acerca das instituições, trabalhemos com o que temos. A vontade política e a liderança são mais importantes que as instituições"

(declarações ao jornal Rzeczpospolita citadas no DN de hoje)

Mas já se sabe que a longa espera até ao próximo ano e as etapas retóricas que a sucederão irão consumir energias infindáveis. E, no final, bem sobre a meta, desta vez, Durão acabará por ter toda a razão.