segunda-feira, 9 de maio de 2005

Reminiscências - 3

Lembro-me de Rui Knophly (esse grande poeta “acocorado” e ainda meu primo afastado) ir jantar à minha casa no início da década passada. Já estava doente, mas não cedia de modo nenhum no humor, no uísque e na espantosa verve. E tal como eu gosto, não foi da sarna deifidicadora e literária que se falou. A situação era demasiado rica e festiva para isso. Foi a última vez que o vi. E o mais curioso é que Knophly passou foi a maior parte do tempo a recordar os puros anos da adolescência, quando os amores o arrastaram para as tranças de uma bela irmã do meu pai. Terá sido noutra vida. Mas o que sobra sempre, de um lado ao outro da via láctea, são as paixões, o coração de almirante em águas turbulentas, talvez a ilha de ouro inatingida.