segunda-feira, 23 de maio de 2005

Crescente poético luso - 3
e

A braseira - I (Ibn Sâra, m. 1123)

Filho do ferro acerado com que nas chaminés
se mexem as brasas a brilhar como estrelas
em trevas da obscuridade,
diz-me e não mintas:
conheces a arte da alquimia ?
Por que funde o carvão em lâminas de ouro
embutidos de madeira e prata branca ?
Sempre que a brisa ateia o fogo,
a chama envolta na túnica vermelha agita-se
e, se à volta dela aparecesses, pensarias:
“São beberrões da tertúlia que passam
entre si copos de vinho dourado”.
E quando o anoitecer abandona o véu,
surge-nos do sol um vigário
que tem o seu ocaso em plena tarde.

(tradução de Teresa Garulo, sendo minha a fixação da versão portuguesa; Proj. Práxis nº2/2. 1/CSH 7750 795)