quinta-feira, 17 de março de 2005

UM AMOR CATALÃO
Folhetim à moda clássica
VIGÉSIMO EPISÓDIO
(Onde andaria Edmundo?)

Albe fez do Outono uma galeria de pressas. Era ainda só dia 21, ainda faltavam largos minutos para o meio-dia, e já Albe posava face a S. Marcos. E assim ficou durante horas e horas. O tempo nunca tem razão, é verdade, mas como adivinhar o estranho e insuspeito rosto do tempo?
A verdade é que, depois, e tal como acontecera a Edmundo, Albe perdeu-se pelas ruas tentando avistar o figurino e a pose do amado. E nada. Empresa totalmente em vão.
Desesperadamente viajou até ao Lido e percorreu ínsulas, orlas e fios de areia luminosos. As horas passavam e as águas mantinham o seu espelho irrespondível: desde o largo da Gran Viale S. Maria Elisabella, resguardando-se na ofuscante visão do Canale di S. Marco, até à tranquilidade dos arcos e arcadas da Riva degli Schiavoni, passeio quase já nocturno que acabou por unir as memórias do centro ao Giardini Pubblici e ao Parque delle Rimembranze. Um esplendor.
Tão distante já ia Albe do seu presente desencontrado que até se esqueceu de render alvíssaras ao generoso S. Giorgio.
Nas derradeiras horas do dia, Albe parecia imobilizada junto à aura da Piazzale Bucintoro.
Cansada, acabou por pernoitar num pequeno hotel do Canale della Giudecca.
E perguntava insistentemente a si própria: onde andará Edmundo?
O que se teria passado?


(No próximo episódio, Edmundo terá a maior surpresa da sua vida. E, entretanto, fica a pergunta: para onde encaminhará Albe a sua inexplicável e imprevisível errância?)

Continua