quinta-feira, 3 de março de 2005

Raízes da instantaneidade


Letteri Café

Às vezes, já me tenho perguntado por que razão recorro sempre à raiz "Mini" para baptizar os meus blogues.
Talvez haja duas razões sensíveis.
A primeira tem a ver com o próprio filme da memória: os velhos Minis que circulavam no meu tempo de liceu, entre a calçada luzidia e o fim do horizonte onde a perdição os fazia desaparecer para sempre.
A segunda, a mais deliberada talvez, a mais impertinente e menos racional, porventura, tem a ver com o nosso tempo.
Sobretudo porque este já não é o tempo em que Mallarmé sonhou com o livro total; porque este já não é o tempo em que Gaudí sonhou com a catedral total; porque este já não é o tempo em que Gance sonhou com o filme total.
Hoje, os novos Minis são omnipolitanos e dão-nos habitáculo e simulação, em todo o lado e ao mesmo tempo.
Até porque, no novíssimo filme da actualidade tecnológica, a imaterialidade (e a aura da divindade) tem um simples e apelativo nome: instantaneidade.