terça-feira, 26 de outubro de 2004

Ilusionismos- 1

A imaginação humana tem uma congénita tentação e uma simultânea dificuldade em definir o que é, afinal, o “fim dos tempos”. Creio que Martin Heidegger e Jorge Luis Borges dialogaram um com o outro, como poucos - embora involuntariamente -, acerca deste insigne tema. O primeiro, ao afirmar que a “finitude do tempo só se torna plenamente visível quando se explicita o ‘tempo sem fim’ para contrapô-lo à finitude”; o segundo, ao afirmar, complementarmente, que “nenhuma das eternidades que os homens planearam” (...) “é uma agregação mecânica do passado, do presente e do futuro. É uma coisa bem mais simples e mais mágica: é a simultaneidade de todos esses tempos.”