terça-feira, 7 de setembro de 2004

E agora algo completamente diferente

Antes de me ligar às arguições e outras gestas e metas da academia outonal, vou ainda tentar resvalar para as invenções bruxuleantes (embora esta palavra só tenha cabimento num certo poema do Jorge de Sena). Um romance começa-se como quem sobe à árvore para colher um fruto e acaba por encontrar no caminho um ramo que nem sobe nem desce, nem tão-pouco pertence seja a que árvore for. Esvoaça, erra, vegeta, paira, sei lá que vida faz o inesperado ramo que se suspende diante da admiração geral. Mas, num esforço hercúleo, fala-se com ele, galho no galho, olhos nos olhos, e percebe-se, por fim, que existem fatias de mundo que não pertencem aos alicerces deste que nos arrasta pelo tédio anímico e às vezes morno do quotidiano. Nessa altura, o autor, este mesmo que aqui escreve, transforma-se em ramo suspenso e parte para outra. Longe de todas as árvores, mas perto da seiva de cada uma. Expliquei-me bem?