sexta-feira, 13 de agosto de 2004

Ficcionalidades de prata - 18


(Distorsion nº 40, André Kertész, 1933)

Ambas definem, a seu modo, o ser ou o acontecer da transformação. Mas a verdade é que a anamorfose conduz à perturbação, enquanto a metamorfose conduz à exaltação. A primeira vive do inesperado e faz a larva e a montanha serem adultas sem o serem, a segunda vive do segredo dos ciclos e faz a larva e a montanha serem adultas quando é esperado que o devam ser. A primeira escapa à ordem natural das coisas e os antigos chamavam-lhe segnum, a segunda acompanha a filogenia das coisas e os antigos e modernos chamaram-lhe natura. Distorcer é o verbo entre pares que está em ambas as margens da transformação. Tanto é excrescência quanto é corpo, tanto é pulsão de carne quanto é arco-íris, tanto é volume inesperado quanto é desaparecimento.