terça-feira, 11 de maio de 2004

Favas, memorial e ternura



Escreve-me com imensa ternura a Carla Pais do belo blogue Cenas da Lua. Diz a Carla, minha aluna há uma década, que sou eu o responsável por ela se ter metido nestas andanças da blogosfera. Fico orgulhoso. E abro um sorriso a resvalar para o melancólico que gosta de adular a brincadeira com os seus próprios e recônditos fantasmas. É por isso que cito uma frase que a Carla evoca no seu simpático mail: “O meu nome não é Caramelo. Nem Camelo. É Carmelo", foi assim que começou a primeira aula, já lá vão quase 10 anos”. Tal e qual, Carla. Uma alegria com suma matéria a ilustrar a ritual dança da vida. Era bom que as aulas fossem sempre assim. Para o serem, Carla, nada melhor do que a evocação, essa espécie de mistura entre o desejo que pulula na saudade e a irascibilidade que nos leva a sentir a falta do que já não está aqui. Curioso é também o facto de uma década assumir um perspectivismo muito diferente para quem tem vinte e tal, trinta e tal ou quarenta e tal anos de idade. De resto, por enquanto, nada sei. Mas adoro hortelã na salada que acompanha as favas. A Primavera atrai sabores, saberes e luas.