segunda-feira, 19 de abril de 2004

"Matança dos Judeus"

Acabo de ler no Semanário O Templário de Tomar uma reportagem sobre a chamada “Matança dos Judeus”, ritual que é anualmente praticado numa aldeia de nome Soldos. Leia-se a entrada da reportagem:

“Centenas de pessoas assistiram e participaram no passado domingo de Páscoa à Procissão de Aleluia, acontecimento de carácter treligioso, com características únicas no país. Isto porque no final da procissão jovens e crianças partem as cruzes na escadaria da capela, acto designado por “matança dos judeus” e que a igreja não aceita.”

Mais à frente, na reportagem, fica a saber-se que quem coordena a acção são “rapazes e raparigas que fazem 20 anos” no ano em que a festa tem lugar. O que quer dizer que esta singular procissão não é coisa apenas de “crianças”.
Não deixa de ser curioso verificar que as lutas contra os mouros constituem um lugar-comum festivo de norte a sul do país (evocação de guerras escatológicas antigas), sendo a sua contrapartida judaica quase sempre obliterada, esquecida e removida (o desviver histórico tem destas coisas). Ficará para a posteridade esta peculiar excepção de Soldos. Até na catástrofe o anti-semitismo reina subliminarmente.