quarta-feira, 3 de março de 2004

Resposta breve ao Cruzes Canhoto e ao Glória Fácil

Não criei o Miniscente para poder dizer o que não conseguiria dizer noutro lado, nomeadamente nos média. Era o que mais me faltava! Não partilho, pois, essa vitimização da voz não publicada ou não difundida como ponto de partida irradiador e criador dos weblogs. Quando há coisas a dizer e uma voz ou várias vozes a enunciar, aparece sempre o momento e o suporte em que essas coisas se dizem e em que essas vozes se enunciam. Agora, tenho a liberdade de poder escolher o tipo de blogues que mais aprecio (os vossos estão, curiosamente, nesse lote). E esses são os que não andam, por sistema e como regra reiterada, atrás da obsessão do fluxo noticioso. Não quer dizer que não me fascine um aceno inteligente, um ripostar paródico ou um comentar mais consistente sobre os factos do quotidiano. O que me cansa é sobretudo o estilo páginas amarelas, a indexicalização permanente (há certos blogues que podiam ser telemóveis ligados entre blogueadores) e a subserviência radical e corrosiva face ao exclusivo padrão da agência noticiosa. Mas não se pense que há no que digo algum propósito ou intenção subliminar de censura. Pelo contrário, creio que a rede é a grande panóplia e a grande expansão aventurosa da liberdade. Como nunca houve. Que se frua! Mas não impeçam, caros amigos, seja quem for de discorrer sobre os vários estilos e discursos que por aí pululam.
P.S. - Quando disse "carcaça ideológica" referia-me às discussões entre pseudo-bancadas políticas estriadas e aparentemente antagónicas que pensam ainda viver no tempo em que a carga ideológica mobilizava hostes guerreiras. Referia-me aos Sanchos Panças das blogosfera. Mas a esses, juro, acho-os giros, porreiros e divertidos. São uma espécie de televendas aqui do circuito. Sem eles, a acidez seria com toda a certeza mais cinzenta.