sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

Eu hoje vou, E assim acontece, Foz Côa e outras bandeiras

Durante muitos anos, irei sentir muitas saudades da frase “Eu hoje vou”. Antes e depois do “Eu hoje vou”, eis o que me ponho a congeminar sempre que cogito com a história recente e ela, sem preconceitos e em minúsculas, se põe a declamar belos e longuíssimos poemas sobre a verdadeira e a mitológica nascente do rio Nilo. Agora a sério, é curiosíssimo como certas marcas apenas simbólicas criam fissuras e assinalam quadros de referência sempre pontos a dividir o universo em dois. Dicotomias próprias dos nossos hemisférios cerebrais?
Quando o governo de Guterres tomou posse, a grande marca simbólica que funcionou como especificidade e bandeira teve o nome de gravuras de Foz Côa. Quando o Governo de Durão Barroso tomou posse, a grande marca simbólica que funcionou como correlativa especialidade centrou-se no eixo televisivo “Acontece” versus “Magazine”. Vistas as coisas com um certo distanciamento, ambas as coisas valem o que valem. O que é hoje Foz Côa? O que nos dirá, daqui a dez anos, um estudo comparativo entre ambos os programas de televisão? Diferenças haverá, claro. Mas as fundamentais que hoje se nutrem (muitas vezes com tons emotivos) não se centram tão-pouco na comparação entre os produtos, eles mesmos, mas sim entre as alegorias e os afectos que cada um implica, desbrava e suscita.