terça-feira, 11 de novembro de 2003

Lis Boa

De novo na bela Corvilândia. E é vê-la, Lisboa, coada por uma luz doce, sem destino nem nome, e, ao fundo, o murmúrio a preceder as varandas, as nuvens quase paradas, os eléctricos a auscultarem a beleza que há no tédio do mundo e ainda, aqui e ali, nas margens que são dadas ao rio, é ver as cores esquecidas ou diluídas dos seus contornos, de tão vagos e imprecisos tal como são os sinais que lhes concedem o fado. Sobrará apenas a volatilidade de uma linha muito breve, um ínfimo traço a percorrer a memória e o momento que nela se esvai, um cheiro singular a maresia, ócio de embarcação, sussurro de cais. Uma linha com a respiração de uma flor. Uma linha sem destino. Uma palavra desalinhada e apenas em linha com este sigilo que é Lisboa.