domingo, 19 de outubro de 2003

Espaços - 3

Atravessar a encenação e perceber que ela sempre se destinou, afinal, a fazer crer o que não é. Mas se era essa a sua missão, por que rezam os fiéis em nome de uma voz que não é a sua ? Precisamente porque o humano tem a capacidade de se desbobrar e, portanto, de criar vozes em cascata que valem por outras que são também suas. É por essa razão que existe proto-si, si-nuclear e si-autobiográfico (A. Damásio). E é também por essa razão que existem imagens.
O espaço das imagens é, porventura, o nível mais elementar da nossa alma. Se é que existe alma (toda a metáfora é já a condição de uma imagem).