sábado, 20 de setembro de 2003

Imagens de imagens: diálogo

Diz-se no Reflexos de Azul Electrico: "A época da imagem foi aquela, teológica, onde a imagem de Deus organizava todas as outras, mas também todas as coisas, e que, secretamente, nos dizia que o «existente» na sua insana profusão era sempre o mesmo, uma pálida imagem de algo mais essencial, a salvação, para que tudo remetia, e de que dava testemunho."
Pergunto: mas este postular do único existente a habitar na imagem das imagens não se está a repor, a pouco e pouco, na disputa instantanista e global da imaterialidade hipertecnológica, depois de refluídos todos os futuros (escatológicos, ideológicos e outros) ? O globário imaterial dos chips não é, em jeito de self-service, quase o mesmo que a grande scrita da catedral gótica ? Só que nesta aspirava-se a chegar LÁ enquanto que naquele (no globário) JÁ se está sempre LÁ. A salvação começou por ser o alvo de uma peregrinção em direcção ao Existente distante e acaba, hoje em dia, por ser o estar a acontecer do instantanistmo, hic et nunc, o qual foi sempre augurado pela mística e pela revolução Já (ambas queriam ver o seu Deus a salvar-nos no agora e aqui). Isn´t is ? (Abraço)