quinta-feira, 28 de agosto de 2003

O nome do dia

Nestes aforismos servidos à noite figura algo que sobra ao próprio dia. Trata-se de um plano pouco reconhecível, mas que entrou na montagem de muita actividade dispersa e acumulada. Estou a escrever um romance ainda sem nome. Não se esqueça o que João Magueijo disse acerca das cordas cósmicas ou dos buracos negros: nunca ninguém os viu, apenas o cálculo e a linguagem que o realiza permitem antever essas realidades que, por acaso, já têm nome. O nome de uma espessura. O nome de um romance sem nome é a espessura que ele dá a ver. Nem sempre é fácil a quem o escreve entrever o que a escrita enreda. Uma espessura, ou o brilho de um nome por vir.