sábado, 30 de agosto de 2003

O fim é sempre uma metamorfose ?

Heidegger e Borges responderam um ao outro, de algum modo, à pergunta. O primeiro por afirmar que a “finitude do tempo só se torna plenamente visível quando se explicita o ‘tempo sem fim’ para contrapô-lo à finitude”; o segundo por afirmar complementarmente que “ninguna de las eternidades que planearon los hombres”(...)”es una agregación mecánica del pasado, del presente y del porvenir. Es una cosa más sencilla y más mágica: es la simultaneidad de esos tiempos”. Conclusão: a eternidade - ou a infinitude - torna-se sobretudo numa espécie de negativo da finitude e vice-versa, razão pela qual, no seu dicotomismo, o fim não pode nunca ser encarado como uma ruptura, como uma falha, ou como um deslize para o abismo do irrepresentável, mas antes como um espaço onde se dissimula o próprio sentido do tempo. É por isso que as mil histórias do paraíso, que são representações dos fim do tempos, constituem metamorfoses que reflectem e dissimulam o tempo vivido.