domingo, 10 de agosto de 2003

Foi António Damásio quem o disse no Sentimento de Si: toda a tradição, baseada na filosofia da consciência e que sublinha o importante papel da intencionalidade (Husserl, Sartre, Merleau-Ponty, Lévinas, etc), não é senão o resultado da capacidade do cérebro em contar histórias. Diz o autor: esse "dizer respeito a", exterior ao cérebro, tem exactamente "como base a tendência natural do cérebro para contar histórias", o que ocorre sempre da "forma mais espontânea possível". Aliás, na discussão que as Luzes empreenderam, no século XVIII, em torno do problema da representação (De David Hume a Kant), já a figura da imaginação surgia como uma entidade decisiva, autónoma e transformadora das interacções entre o representado e o representante. Eis-nos, nos blogues, a continuar a tradição. Retina de retina até à não apoteose final.