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domingo, 13 de julho de 2008

Quinto Aniversário do Miniscente

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A dois dias do quinto aniversário do Miniscente, deixo os primeiros quatro de treze poemas escritos para celebrar o microacontecimento:
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A corrida
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As luzes ao longe ciciavam
na memória dos muros
entre amores-perfeitos e o ressoar
dos passos com que regressava
no fim do Verão e havia chuva
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lembro-me de passar folha a folha
o tempo a correr como se a sombra trouxesse
ao suor aqueles dias já mais curtos em que
falava de bois deslumbrantes a cruzar a nora do quintal
e
havia silêncio ao fundo do corredor
e ciciavam luzes sob a maresia
enquanto olhava para a chuva
que tolhia a voz
e e
quem dera ao luar este amor
este rugido na falésia da memória
e
lembro enquanto caminho
sem idade
na direcção dos plátanos despidos.
e
O boi
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O tempo serenou junto ao campo de aviação e os olhos do boi
levantaram-se lentamente e
viram o trono de deus
d
naquele tempo
a boa nova não apareceu no traçado dos rolos
mas sim nos relâmpagos
e nos cascos com que o animal avançava
em direcção ao rio,
cheio de farpas galanteios e sangue
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nas águas viu-se como um deus no fim daquela tarde
e em cor de ouro escalou à arena do paraíso
abraçado ao toureiro aviador que era apóstolo da chuva.
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O desafogo
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Havia sangue nas rosas e o regador parecia
um céu
a clarear na memória do pasto
d
e as ovelhas continuavam escondidas sob oliveiras
ali mesmo
ao lado do corpo abandonado
e e d
O Corredor
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Era silencioso
longo
e a cortina ao vento
paralisava os sentidos
d
ao fundo
havia um corrupio de pombos a revolver
a escrita com que se respirava
o ar profundo e fresco do poço
d
passava em frente da cortina
bordada pelas viagens e aí permanecia
como se fosse uma deusa
a olhar para a crista das ondas
d
até que um dia a sétima vaga subiu pelo farol
e drenou a imagem com que se apagaou
na lembrança dessa paixão que era
secretamente
a minha.