Páginas

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Pré-publicações - 71

e
Álvaro Santos Pereira, Os mitos da economia portuguesa, Guerra e Paz, Lisboa, 2007.
e
Pré-publicação (do "Prefácio"):
e
"Gosto de iconoclastas. Estou farto do politicamente correcto. Se a humanidade sempre tivesse feito tudo como o fazia a partir do momento
em que houve vida no planeta, ainda hoje estávamos na Idade da Pedra. Por isso, é preciso que haja pessoas a desafiar o que está estabelecido, a provocar novas dinâmicas, a agitar ideias que vão contra o main stream. É assim, foi sempre assim, que o mundo pula e avança.
Nem que seja para chegarmos à conclusão que estamos errados, há que desafiar com novas ideias, novas teorias, novos caminhos, o pensamento dominante, o modo de fazer igual, a réplica da réplica de um original já muito distante.
Na economia portuguesa, tem havido um pensamento claramente dominante. Temos de ter um défice orçamental próximo de zero porque só assim será possível termos taxas de crescimento signifi cativas. Bom, mas no tempo em que Miguel Cadilhe foi ministro das Finanças, entre 1985 e 1990, o défice era elevado e tivemos um excelente desempenho económico, de tal modo que chegámos a ser conhecidos como o tigre celta, lembram-se? Ah, claro, houve a espectacular melhoria das razões de troca devido à queda do preço do petróleo e das matérias-primas e ao enfraquecimento do dólar. E estávamos a sair de uma recessão e o país encontrava-se financeiramente saneado. Pois, resumindo e concatenando, isso quer dizer que em situações específicas as políticas que resultam podem não ser iguais àquelas que estão em todos os livros.
Aliás, se pensarmos no que se passa nos Estados Unidos, onde apesar do espectacular défice orçamental acumulado por George W. Bush, a economia mantém um forte crescimento, tal como tinha acontecido quando o défice passou a superavit no tempo de Bill Clinton, chegamos à conclusão que há ligações que, no mínimo, devem ser discutidas e postas em causa.
Nos últimos anos, verificou-se uma clivagem no pensamento único dominante. Há os que defendem um alívio fiscal como forma de apoiar o crescimento económico. E há os que insistem em manter a pressão fiscal, porque só com as contas públicas saneadas haverá crescimento. Há os que sustentam que para captarmos investimento, temos de ser radicais e reduzir as taxas de IRC para 10% ou mesmo zero, como forma de nos distinguirmos na União Europeia. E há os que dizem que não há margem de manobra e que isso conduziria a um desastre orçamental. Há os que clamam que só com menos dinheiro o Estado será forçado a emagrecer. E há os que dizem que sim, mas só depois de equilibrar as contas."
e
Actualização das editoras que integram o projecto de pré-publicações do Miniscente: A Esfera das Letras, Antígona, Ariadne, Bizâncio, Campo das Letras, Colibri, Cotovia, Gradiva, Guerra e Paz, Livro do Dia, Magna Editora, Magnólia, Mareantes, Publicações Europa-América, Quasi, Presença, Sextante Editora e Vercial.