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É uma imensa falácia falar das "Privadas" ou das "Públicas", colocando tudo num mesmo saco. Porque há, de facto, de tudo: "Privadas" de excelência (que, através da avaliação externa, vêem reconhecidos os seus cursos como sendo dos melhores do país) e "Privadas" de inqualificável má qualidade (de que a Independente é a simples ponta do iceberg); "Públicas" de referência internacional e "Públicas" sem alunos, sem investigação e com um corpo docente (dominantemente) localista e sem qualidade. E depois, no meio deste cacho de generalidades, há óptimos professores e grandes investigadores como há também carreiristas sem obra, burocratas, idiotas, cunhas e máquinas de fazer favores em troca de exposição pública. Toda a gente (do meio) sabe o que é a universidade portuguesa. Mas ninguém, ou quase nínguém fala. Por uma simples razão: medo. Medo de perder o emprego, medo de dar a ver a cauda de fora das plumas arrumadas, medo da delação inquisitorial, medo do medo. Medo.
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P.S. - Eduardo: os cursos de Ciências da Comunicação - trabalhei anos e anos na área - constituem um caso muito específico nesta jangada de disputas. Dava para um romance. Abordarei o tema um dia destes. Refiro-me sobretudo à variante genericamente designada por "jornalismo" (já que existem muitas outras).
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P.S. - Caro José Adelino Maltês: o diagnóstico está bem feito, não haja dúvida. Mas o "conúbio" transcende o universo das "Privadas", universo esse - repito - que não deverá nunca ser visto como um todo homogéneo. Muitos Politécnicos, grande parte das Universidades de região e até algumas fronteiriças servem os mesmos fins e proporcionam amiúde moeda de troca para elites (recentes) a nível local, regional e mesmo nacional. Se os jornalistas quiserem, chegam lá. Sobretudo quando deixarem de andar à boleia (seja das modas de circunstância, caso da Independente, seja dos percursos blogosféricos).