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quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Novas descobertas sobre Rute Monteiro

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Vem de Inglaterra, é um blogue rothiano e descobriu há uma semana que tudo não passa afinal de um anagrama. Genial, gostei (mas como é óbvio, trocaria "mentir" por um anagrama de "mentir": está lá tudo).

Pré-publicações - 14

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Manuel Jorge Marmelo, Aonde O Vento Me Levar, Campo das Letras, Porto, 160 pgs. (apresentação pública a 8 de Fevereiro).
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Pré-publicação:
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"1.
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“No dia em que Atla morreu, os homens juntaram-se na taberna diante do porto velho. Enquanto atiravam aguardente para as gargantas e olhavam as gaivotas com a persistente angústia que amofina os pescadores quando estão presos em terra, recordaram que Atla, enquanto viva, era a mais bonita mulher que jamais tinham visto, ali ou em qualquer outra parte do mundo. Dois ou três suspiraram profundamente, como se a estivessem vendo tal como ela era nos seus dias de mais espantosa beleza, quando trazia soltos os caracóis do cabelo e o sol lhe incidia no rosto moreno. Um deles derramou no chão algumas gotas do bagaço. Um outro disfarçou a lágrima que tinha no canto de um olho.
– O raio do cisco!
Algumas portas adiante da taberna, as mulheres também se juntaram para comentar o óbito. Recordavam-se perfeitamente da raiva que tinham a Atla, da inveja que sentiam quando os homens a miravam ao chegarem do mar, do ódio que reprimiam quando, à noite, adormecidos nos leitos conjugais, eles invocavam o nome dela nos sonhos mais mansos. Mas, estando Atla morta, as mulheres não lhe chamaram puta, desta vez. Não escarraram para o chão quando escutaram o nome dela. Persignaram-se.
– Que descanse em paz.
– E que Deus lhe perdoe.
– Já não nos tenta mais os maridos.
Nessa noite, porém, enquanto Atla esperava que chegasse a manhã do seu funeral, deitada, muito direita, no bojo de um caixão modesto, os sonhos dos homens da vila voltaram a povoar-se de imagens dela. Babaram as fronhas e murmuraram o seu nome. Voltaram-se nas camas e, dormindo, procuraram nos corpos das esposas presentes o prazer da mulher que jamais foi deles.”
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eActualização das editoras que integram o projecto de pré-publicações do Miniscente: A Esfera das Letras, Antígona, Ariadne, Bizâncio, Campo das Letras, Colibri, Guerra e Paz, Magna Editora, Magnólia, Mareantes, Publicações Europa-América, Quasi, Presença e Vercial.

Jogos com deuses

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Há algo de patológico no caso Fidel Castro. Em Cuba pretende fazer passar-se a ideia de que Fidel continuará vivo para sempre. O jogo cíclico de imagens – ver as de hoje – aponta faraonicamente nesse sentido (adjuvada pela significativa omnipresença do sacerdote Hugo Chaves). Todas as opiniões que vão dando Fidel como presumivelmente à portas da morte são tidas, não como realistas, mas como “reaccionárias” e atentatórias à “segurança” do estado. Um folhetim deste calibre na televisão ainda vá que não vá, divertia. Um folhetim destes a sério, aprisionando pessoas reais à efígie e às regras do “Deus” maior, já é um caso que tende para o monstruoso. É este o nosso mundo, muitas vezes bem mais mitológico do que propriamente objectivável.

Mini-entrevistas/Série II – 113


LC
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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje a convidada é Ana Clotilde Correia (aka Margot). (http://folhoseconfettis.blogspot.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Remete para uma enorme comunidade de pessoas que escrevem livremente e frequentemente na internet. Dentro da grande comunidade, existem outras mais pequenas, que se formam naturalmente, entre pessoas que se lêem mutuamente e partilham afinidades ou, não tendo essas afinidades, têm gosto e/ou curiosidade na leitura umas das outras.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Não costumo seguir grandes acontecimentos pelos blogues, para isso continuo a confiar nos meios de comunicação social tradicionais. Contudo, o fim do Governo de Durão Barroso e a possibilidade de serem convocadas eleições antecipadas, que não chegou a verificar-se, talvez tenha sido o assunto nacional que melhor ou mais apaixonadamente acompanhei nos blogues. Internacionalmente, interessam-se sobretudo opiniões sobre o conflito israelo-palestiniano, nomedamente pró Israel, porque considero que na imprensa portuguesa há um certo deficit de textos de opinião que defendam o ponto de vista israelita. De resto, interessam-me essencialmente blogues que não sigam propriamente a agenda, que sejam mais livres e leves, com textos sobre coisas do dia-a-dia, pequenas futilidades e opiniões sobre produtos culturais (filmes, livros).
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Mantive um namoro de cerca de um ano com uma pessoa que conheci através de um blogue.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Sim, os blogues são um espaço de liberdade.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos, Batukada, Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva e Masson. Agenda para esta semana (de segunda-feira, dia 29/01/07, ao sábado, dia 03/02/07): João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete e Maria João Eloy.

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Os mil cuidados

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Nos ‘Pós e Contras’ de ontem viram-se frente a frente dois mundos que, na aparência, não se conseguem fazer traduzir um ao outro. É como se campos metafóricos de naturezas muito diversas tivessem estado face a face. Um desses mundos observa um registo pragmático de ocorrências (que sempre existiu e há-de existir) e tenta salvaguardar a liberdade e os cuidados que lhe deverão assistir. O outro mundo parte de um acto fundacional e condena em absoluto essas ocorrências, sem querer depois ponderar as questões que inevitavelmente se revelam a juzante, nomeadamente a liberdade, os cuidados e o mercado paralelo e abjecto que existe diante dos nossos olhos. Ambos condenam o aborto, é claro, mas um tenta atacar os seus danos óbvios e descriminalizar, enquanto o outro profere valores mas esquece que proferir valores não é suficiente para resolver problemas. E aqui há, de facto, um problema para e por resolver. Como? É uma discussão saudável a ter, mas só quando o fantasma do perseguição criminal sair de cena. É por isso que eu digo Sim, um Sim livre de liberal que não cai naquela feérica tentação de quem imagina um jogo de Communards entre barricadas que radicalmente se excluem. Nos próximos dias, o Sim poderá abrir a via da vitória se souber mostrar ao grande público que “proferir valores por proferir não resolve nada”. Mas também é verdade que diálogos como os da “Kátia vs. Lídia” são o esteio natural para uma nova vitória do Não.

Mini-entrevistas/Série II – 112


LC
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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje a convidada é Ana Luísa Silva, 26 anos (http://horas-perdidas.blogspot.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
De um ponto de vista objectivo, exactamente aquilo que a palavra traduz: o conjunto de pessoas que utilizam blogues como meio de comunicação, sejam eles bloggers ou seus leitores. Pessoalmente, vejo a blogosfera como uma comunidade, um universo paralelo, onde cada um pode adoptar a identidade que escolher, expressar-se com total liberdade e partilhar pontos de vista, trocar ideias, debater desde política a ciência, literatura a astrologia, e onde, a par do que acontece na sociedade real, se descobrem empatias, amizades e até ódios de estimação.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
É difícil definir um acontecimento em particular, na verdade, desde que entrei na blogosfera que sigo atentamente todos os acontecimentos nacionais e internacionais através de blogues, permitindo-me ter uma visão alargada sobre as várias posições, quer políticas ou éticas, de um ponto de vista neutro ou pessoal, o que não deixa de ser interessante. De momento, talvez o tema que siga mais intensamente seja o referendo do aborto.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Imenso! Entrei na blogosfera por acaso, quase por brincadeira, e na altura nunca pensei que passados quase dois anos ainda escrevesse regularmente e muito menos que tanta gente me viesse a ler. Tinha acabado a licenciatura há pouco tempo e estava à procura de emprego, pelo que tinha imenso tempo livre. Visitei o blogue de uma amiga, e decidi criar um como forma de me distrair e ocupar o tempo. Nunca tinha escrito e nem sabia que gostava de escrever, estava habituada a escrever relatórios e monografias de carácter científico onde o sujeito é inexistente e o texto se pretende impessoal, pelo que foi um desafio começar a escrever na primeira pessoa e desenvolver a minha criatividade. Hoje quase não passo sem esse exercício e tornou-se uma forma importante de expressão e crescimento pessoal, permitindo-me extravasar sentimentos e opiniões, e também uma forma de distracção, divirto-me muito, tanto a escrever como a ler outros blogues.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Acho que todo o conceito de blogosfera assenta exactamente nessa premissa, a liberdade total de expressão, onde qualquer um se pode manifestar, independentemente da sua opinião, da sua formação, educação, escolaridade. Pessoas que à partida jamais teriam a possibilidade de comunicar com o grande público, ver a sua voz ouvida através dos meios tradicionais de comunicação social, podem fazê-lo aqui sem restrições, sendo essa liberdade e igualdade de oportunidades o que torna a blogosfera tão interessante. De outra forma como é que uma miúda que escreve umas coisas por graça chegaria aqui?
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos, Batukada, Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva e Masson. Agenda para esta semana (de segunda-feira, dia 29/01/07, ao sábado, dia 03/02/07): João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete e Maria João Eloy.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Mini-entrevistas/Série II – 111


LC
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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é João Caetano Dias (http://ablasfemia.blogspot.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Espaço de liberdade para onde confluem egos diversos e vaidades várias.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
'Apenas' é uma palavra demasiado ampla. Sem 'apenas', o caso das caricaturas do profeta foi um dos acontecimentos em que os blogues estiveram mais atentos do que alguma imprensa amedrontada e viciada no politicamente correcto. Também as histórias das manipulações da informação no conflito do Líbano passaram pela imprensa generalista como uma leve brisa. Os blogues estiveram lá.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Menos tempo, novos amigos e um livro.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Acredito. Por enquanto. Até ao dia em que aparecer legislação para protegê-la.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos, Batukada, Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva e Masson. Agenda para esta semana (de segunda-feira, dia 29/01/07, ao sábado, dia 03/02/07): João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete e Maria João Eloy.

domingo, 28 de janeiro de 2007

As mini-entrevistas da próxima semana

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Na próxima semana útil (de segunda-feira, dia 29/01/07, ao sábado, dia 03/02/07), as mini-entrevistas a publicar no Miniscente serão as seguintes: João Caetano Dias, Ana Luísa Silva, Ana Clotilde Correia (aka Margot), Tomás Vasques, Ticcia Patrícia Antoniete e Maria João Eloy. A saga continua.

Eu adoro pastéis de Belém

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Depois de um sábado como o de ontem, nada melhor do que continuar, ainda hoje, a comer uns pastéis de Belém.

Link, linca e deslinca

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“Lincar” e “deslincar” tornaram-se, hoje em dia, formas muito frequentes de entender o relacionamento entre o que se expressa na rede: e tanto mais se linca e deslinca quanto mais as identificações se tornam vulneráveis e, claro, atractivas e cúmplices ou, ao invés, desinteressantes e sórdidas. Seja como for, é neste caudal cruzado da vida em rede – com destaque para o caso da blogosfera – que se tem vindo a renovar o significado da noção de amizade e de apego por um lado eminentemente personalista da enunciação.

sábado, 27 de janeiro de 2007

A moda Rute Monteiro (act.)

Ontem apareceu um e hoje, de repente, mais dois blogues apareceram. Ainda dizem que sou eu que ando a inventar coisas! O que vale é que o humor galga barreiras. É a moda, é a moda.
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E a MEG, terá desaparecido? Também do Brasil me chegam versões contraditórias...

The Holy Corner (act.)

Vista parcial do idílico Rio Lis (YR)
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O Jesualdo Ferreira foi educado para saber que não se manda "investigar um jogo" por causa das traves (foram três as divinas intervenções das traves da baliza) e da mão pouco arredia do gentilhomme Quaresma.
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P.S. - O Francisco anda a perder a alma de hooligan? Assim deixa de ter graça!

Mini-entrevistas/Série II – 110


LC
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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Neste fim-de-semana o convidado é José M. Martins [Masson], economista e professor (http://almocrevedaspetas.blogspot.com).
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
A blogosfera é um dos poucos divertimentos intelectuais, que nos resta, contra o tédio. Palavra com 10 letras, de muita circulação em cafés, alcovas partidárias e oficinas de jornais, é a “máquina desejante” [chez Guattari] pós-moderna que mais aparenta viver. Não sabemos se é da crise de paradigma que nasce o ofício ou se, pelo contrário, é pela blogalização que se vai domesticar a crise. O certo é que esta epidemia do bloganço ainda está pouco vigiada, regulamentada ou admoestada, segundo rezam autorizados comentadores lusos. Assim, mui incivilizada contra o enfado, a blogosfera indígena é daquelas que mais aprontam “o grande espectáculo do desastre, o incêndio, a decomposição” [Tzara] da fazenda pública. Daí que os psiquiatras andem falidos, pois a blogofilia é “ainda menos aborrecido do que divertirmo-nos" [Baudelaire].
Alguns exegetas (nós, evidentemente) falam da blogosfera como uma sociedade invisível, à maneira de Daniel Innerarity, em que se assume uma nova relação entre espaço e sociedade, com movimentos e produção social própria, de “dimensão silenciosa” e fora do controlo do poder do Estado. Esta movediça desterritorialização, de transgressão global e em rede, marca uma nova discursividade, inscreve a vertigem da dissidência, sendo portanto a transformação mais radical dos nossos dias. E é sinal, pois, de uma “outra globalização”: o investimento do desejo. Basta, por isso.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Todos os acontecimentos, actuais e vindouros, são cavalgados eximiamente pelos blogues. Ao que parece, ao mais pequeno indício de ruído surge um acampamento de nevróticos bloguistas, prontos a abater qualquer novidade, assunto ou conspiração que se ponha a jeito. Este antiquíssimo desporto indígena é, diga-se, uma nobre pedrada no charco, face à domesticação, que por cá reina, nos jornais e TV’s. O bloguista é um verdadeiro blogleur, de sedução infinita. Mas, evidentemente, a abominável invasão do Iraque pelo mundo moderno Bushiano foi fértil em postas. O que permite, no futuro, saber quem (não) apoiou esse espectáculo insano. E por cá, dizemos que se não houvesse blogosfera em português ninguém mais se lembraria desse proletário das letras, o engenhoso João Miranda (Blasfémias). E se não assinássemos alguns blogs académicos, nunca saberíamos que o governo actual era socialista. Daqui se pode observar a intensidade com que acompanhamos a boémia doméstica. Para continuar!
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Suponho que, tirando a frequência da mesa verde (cruzes canhoto!) de bridge ou de um joguinho apetecível de xadrez, nada há a declarar. Vamos cumprindo, conforme podemos e o trabalho permite.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Sabe-se que “é mais difícil ser livre que puxar uma carroça”, porém temos para nós que a nostalgia da critica é sempre autenticamente vivida, o que significa que a blogosfera é tão (menos) livre que outro qualquer meio de comunicação. Mas reconhece-se, sem arremelgar a vista, que há blogs com uma intensa e sábia agenda partidária. O que, se não fosse muito imaginativo e licencioso, seria burlesco. É a vida!
Saúde e fraternidade.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos e a Batukada. Agenda para esta semana (de 22/1 a 27/1): Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva e Masson (do Almocreve das Petas).

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Isto é

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Por outras palavras: e se agora a moda passasse a ser criar blogues atribuídos, um após outro, a Rute Monteiro?
Mas parece-me, infelizmente, que o caso é bem mais sério do que pode parecer à primeira vista.

A engenharia "TLEBS"

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Uma vitória, ainda que parcial. Saliente-se a força e a determinação de José Nunes!

A figura do ano

Não é que reaparece onde menos se espera? O Eduardo fez ontem apelo ao humor e é vê-lo emergir subitamente na terra dos cavalos crioulos, Cerro Velho. É o chamado "Blogue da Rute". Claro que Rute Monteiro, brinque-se ou não, e eu prefiro não brincar até conhecer o desenlace da história, ameaça tornar-se na figura do ano.

Mini-entrevistas/Série II – 109


LC
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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Gabriel Silva, 41 anos, Director de Serviços (http://ablasfemia.blogspot.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
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Rede de interacção entre blogues e sites pessoais, que em certos casos formam sub-comunidades sociais entre si.
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- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
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Todas as eleições em Portugal desde 2003, as eleições presidenciais norte-americanas, os acontecimentos violentos em Timor, os atentados terroristas de Madrid e Londres, o debate e referendos sobre a «Constituição Europeia».
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- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
e
- O conhecimento e subsequente relacionamento com pessoas que se reveleram na sua esmagadora maioria muito interessantes, algumas das quais se tornaram bons amigos.
- O acesso a conhecimentos e informações, o debate de ideias e a discussão política que de outra forma não teriam sido possíveis e que nos últimos 3 anos e meio foram contribuindo em parte para aquilo que também hoje sou.
- A forma como utilizo parte significativa dos tempos livres.
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- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
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- No que me diz respeito, não tenho nem sofri até hoje qualquer limitação externa à minha liberdade de expressão enquanto blogger.
- Reconheço que, como em qualquer outra forma de comunicação existem limitações livremente aceites e práticas mais ou menos conscientes, como sejam o pudor, a amizade, a vida privada e profissional (minha e de terceiros) nas quais me auto-limito, como é natural em qualquer forma de vida societária. - Sendo membro de um blog colectivo, com pessoas que não conhecia de lado nenhum (existindo algumas que ainda não se conhecem sequer pessoalmente), uma das vivências mais interessantes tem sido a forma aberta e livre com que temos lidado entre nós com a diferença (ao nível de sensibilidades, de estilos, de interesses pessoais, de feitios e da forma como pensamos e vemos o mundo), sobretudo atendendo a que a participação de cada um é ditada efectivamente pela plena liberdade individual, sem estratégias, sem objectivos comuns, e com respeito apenas por regras mínimas relacionadas com a plataforma técnica que se utiliza.
- Sim, a minha experiência como blogger tem sido editorialmente totalmente livre.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos e a Batukada. Agenda para esta semana (de 22/1 a 27/1): Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva e Masson (do Almocreve das Petas).

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Haja dimensão!

"O sentido de humor dos portugueses deixa muito a desejar. No tempo do Velho, não admirava. Havia Pide, bufos, guerra e fome. Onde isso vai. Hoje, tanto avião para cá e para lá, tantas Maldivas, tanto surf, tanta Cuba, tanta salsa, tanto Brasil, a Europa tu-cá-tu-lá, tanta literatura e tanto jornal no original, tanta Web, tanto cosmopolitismo, tanto tique de classe, tanto arrebique idem, e o cinzentismo é de regra. Ética, dizem eles. Quanto mais modernos, mais chatos. Nostalgia de outros tempos? O enfado com a Rute é o espelho dessa impossibilidade. Não saber rir, não ser capaz de rir, foi a herança que o Velho nos deixou. Azedume, digo eu." (em Da Literatura)
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Look Around You

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O que se está a alterar radicalmente, no terreno onde os blogues se enunciam, é a ideia clássica de contexto. Aquilo que é o de fora de uma sequência offline (o de fora de um texto de jornal, de um edifício, de um gesto, ou de um rosto) é, no caso dos blogues, um campo difuso, intermitente e aparentemente ilimitado. A vastidão algo informe do cibercampo, que é parte da pele dos blogues, veio tornar a significação numa “mise en abîme” que ilude e sugere a ideia de domínio, de contaminação imponderada e de fácil propagação (o que nem sempre é verdade).

Mini-entrevistas/Série II – 108


LC
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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje a convidada é Pitucha e responde a partir de Bruxelas (http://nocinzentodebruxelas.blogspot.com).
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Comunidade virtual, com tudo o que isso traz de intrigante e de excitante. É o nosso "café" possível, onde se vai, de vez em quando, para ver se alguém passou por lá, para "cumprimentar" blogoamigos ou blogoconhecidos, para descobrir gente nova que chegou à "cidade".
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Muitos, uma vez que a blogoesfera tem vindo gradualmente a substituir a leitura dos jornais online. A distância de Portugal favorece, também, essa busca de informação quer seja de natureza política, quer seja de natureza cultural. Só para citar um exemplo muito recente, recordo o caso "Miguel Sousa Tavares - plágio ou nem por isso", que segui avidamente em muitos blogues nacionais e para o qual, aliás, dei a minha pequena achega.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
O maior foi, decerto, o de me ter puxado, de novo, para a escrita, que estava abandonada há anos, e de me ter obrigado a fazê-lo de uma forma regular. Retomei portanto um dos meus prazeres de antanho com a vantagem de agora ter reacções (positivas, muitas delas) de pessoas que não me conhecem o que, admita-se, é muito agradável.
Acrescem as amizades que já criei, tanto em Portugal, como na Bélgica, com gente que, de outro modo, os acasos da vida não teriam certamente cruzado comigo. São pessoas de idades diversas, formações académicas distintas, que me proporcionam um enriquecimento fantástico.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Acredito! Com tudo o que isso tem de positivo e de negativo. Porque há quem saiba aproveitar essa liberdade e quem a utilize para fins mais duvidosos. Mas, como na televisão, a liberdade de desligar o botão também existe.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos e a Batukada. Agenda para esta semana (de 22/1 a 27/1): Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva e Masson (do Almocreve das Petas).

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Figurações que mudam

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Durante o século passado, os filósofos da literatura (deixem-me caracterizá-los assim) andaram durante anos a tentar explicar o que era a “literariedade” e baptizaram-na como uma espécie de água benta, ou de espírito santo cordato, que navegaria na pena e no molde ímpar de certas almas. O ‘livro’, na sua dimensão de objecto perenemente sacralizado, foi assim concedendo à literatura a aura de uma actividade que “não colhia outros frutos senão os sobrenaturais” (parodiando Vico). Kant - muito dado ao sublime - preferia a palavra “génio”.É verdade que, hoje em dia, a literatura já não corresponde à ideia que foi sendo formada desde há pouco mais de dois séculos no Ocidente (de Schlegel a Garrett, a Holderlin, a Musset, a James, a Proust, etc.): a arquitectura digital, o circo mundializado de imagens, a hipertecnologia e a redução - sobretudo - das Escrituras a simples escritas alteraram radicalmente as coisas. O “escritor” é hoje alguém que agencia ficcionalidades e não mais o fruto de uma iluminação subliminar.

Imagens de Rute Monteiro

Acabo de ser alertado por este post do Mar Salgado, aqui. De facto, apesar daquela labuta que é própria de um filme para adolescentes – “Será verdade?/ Não será verdade?” -, o certo é que há novidades, e fortes, acerca do “Caso Rute Monteiro”. São imagens impressionantes. Para além do mais, num outro post, fica também agora a perceber-se por que razão não há jornais portugueses, para já, a falar do assunto. A contenção é uma coisa muito bonita.

Mini-entrevistas/Série II – 107


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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Luís M. Jorge (http://vidabreve.wordpress.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Associo o termo a um sentimento de surpresa. Descobri que o país é mais interessante do que eu julgava. Os media tradicionais não reflectem de modo algum a inteligência e a variedade da nossa blogosfera.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Nenhum. Os blogues não conseguem substituir os jornais ou as televisões, embora os complementem sublimemente.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Tiraram-me tempo, o que é mau, e persuadiram-me a escrever todos os dias, o que é bom.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
É editorialmente livre, mas intelectualmente espartilhada. A autocensura atinge níveis assombrosos. Quase toda a gente parece ter alguma coisa a perder.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos e a Batukada. Agenda para esta semana (de 22/1 a 27/1): Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva e Masson (do Almocreve das Petas).

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

O adro das ilusões

Há trezentos anos andava de terra em terra um homem barbudo com uma lanterna mágica às costas. Em cada aldeia a que chegava, o povo sentava-se em barracas improvisadas e adorava pactuar com as imagens projectadas que sugeriam quase sempre fantasmagorias, cenas de morte, silhuetas temerárias. O povo adorava ser enganado e pagava para que fosse. A fotografia e o cinema adensaram esse propósito mitológico. Depois, surgiu a utopia da objectividade que acabou por acasalar, entre muitos outros episódios históricos, com o que hoje se designa por media. A rede alargou dramática e felizmente o perímetro da comunicabilidade e deixou de respirar na estreita malha que liga media e real, embora os próprios media se tenham tornado nos maiores criadores de ficcionalidade do planeta (através das meta-ocorrências que, em zapping instantâneo, o percorrem). A inocência de quem andava de mão dada com os deuses nos antigos mitos regressa hoje ao palco – onde todos felizmente têm voz – e surge, aqui e ali, revoltada com esta longa história de desenganos e desilusionismos. Sim, a procissão ficou retida para sempre no adro global e, à volta, os novos personagens de Diderot vêem tantas e tantas vias abertas que não sabem para onde ir.

Mini-entrevistas/Série II – 106


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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Luís Aguiar-Conraria, 32 anos, Professor de Economia na Universidade do Minho(http://aguiarconraria.blogsome.com/)
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- O que é que lhe diz a palavra "blogosfera"?
Estive 4 anos a estudar numa universidade americana. Nessa Universidade encontrei um espaço de liberdade com que nunca tinha sonhado. Lá tudo se discutia livremente, sem constrangimentos e sem censura. Marxismo, terrorismo, liberalismo, multiculturalismo, puritanismo, nada está a salvo de uma boa discussão. Mais do que isso, não havia argumentos de autoridade. Podia ir lá um Nobel de Economia apresentar o seu trabalho, que se sujeitava ao contraditório dos estudantes como se de qualquer estudante se tratasse. É este imenso espaço de liberdade que eu procuro e encontro, parcialmente claro, na nossa blogosfera.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Penso que não houve nenhum. O mais próximo disso que pergunta, foi com a discussão sobre a OTA e o TGV. Rapidamente se percebeu que os meios de comunicação tradicional nada de relevante acrescentavam à discussão. Mesmo os artigos de opinião, com excepção de um de Vítor Bento no Diário Económico, pouco substância tinham. A determinada altura, desisti de procurar informação sobre o assunto fora da blogosfera.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
O meu blogue foi criado enquanto ainda estava nos EUA. Serviu para estar mais próximo da minha família em Portugal. Não só serviu bem esse objectivo como também levou a minha relação com o meu pai para outro nível, pois passámos a ter algo mais que partilhar. Uns meses depois, o meu pai juntou-se ao meu blogue criando assim, perdoe-se-me a imodéstia, uma das parcerias mais estranhas da blogosfera lusa.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Acredito. É livre em dois sentidos. Em primeiro lugar cada um escreve o que quer sobre o que quer. Em segundo lugar é um meio que promove a rápida reacção dos seus pares. Seja em comentários, seja em outros blogues. Isso cria um escrutínio que é o melhor garante contra abusos e falsidades. É como se houvesse um processo de refereeing permanente. Um excelente exemplo disto que digo foi a criação de um blogue anónimo com o objectivo de caluniar Miguel Sousa Tavares. Rapidamente, e muito por acção de João Miranda, do Blasfémias, grande parte das acusações foram escrutinadas e se percebeu que não havia plágio algum.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos e a Batukada. Agenda para esta semana (de 22/1 a 27/1): Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva e Masson (do Almocreve das Petas).

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Do comboio ao TGV

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A liberdade não é uma coisa dada; é antes uma disposição individual e um entendimento geral que se poderão rever um ao outro no mútuo usufruto dos actos do quotidiano. A literatura é um desses actos, como qualquer outro. Pelo meu lado, nunca sacralizei a actividade, nem tão-pouco a entendi como particularmente “libertadora” no sentido de poder estar ao serviço de “causas”. É aí que ela, precisamente, deixa de ser usufruto para passar a não ser livre. Para passar a ser narrativa enclausurada em narrativa. Grande parte da história da literatura, do século XVIII para cá, foi feita nesta ou a partir desta clausura. E sem que ninguém sublinhasse o facto, ou pelo menos a importância que ela releva.
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Hoje em dia, as meta-ocorrências geradas pelos media são o produto que mais ficcionalidade cria em todo o mundo. A literatura, tal como a aprendemos a entender nos últimos dois séculos e pouco, perdeu esse magnífico comboio. Mas ganhou muitas outras coisas.

Mini-entrevistas/Série II – 105


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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Fernando Venâncio (http://aspirinab.weblog.com.pt/).
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- O que lhe diz a palavra «blogosfera»?
Vejo a blogosfera como uma multidão informe, aloucada, saudavelmente contentinha de si, passeando descontraída pelos rebordos dum abismo que dá para o mundo físico. Ela é, assim, um universo paralelo, em que tudo é real, também. Reais são os seus prazeres, dores e desvarios, reais os seus sonhos, triunfos, frustrações. Só que a realidade é doutro tipo: impalpável, fugidia, insatisfeita. Os habitantes dela são, por sina assumida, transumantes, desenraizados, nómadas. Nesse sentido, esse habitáculo galáctico em que se entra teclando, e donde teclando se sai, pode revelar-se mais inóspito do que o suporíamos, e portanto, a prazo, rejeitável. Mas podem seguir-se-lhe universos menos habitáveis ainda. Só uma coisa parece certa: a intranquilidade veio para ficar.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu através dos blogues?
Foi o observar da descoberta, alheia e própria, da inaudita versatilidade deste brinquedo, o «blogue», que consegue produzir coisas tão humanas como a admiração e o enamoramento, mas também a irritação, a suspeita e o enxovalho. Tudo público, claro.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Criar-me mais um gastadoiro de tempo, onde ele já era tão escasso. Mas a queda compulsiva para intervir vinha já de longe. Ninguém foge ao fado.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
É, decerto. E o controle social, em que a blogosfera é exemplar, evitará que o mundo exterior, repressivo, ponha tão cedo as botifarras aqui dentro.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca, Patrícia Gomes da Silva, Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos e a Batukada. Agenda para esta semana (de 22/1 a 27/1): Fernando Venâncio, Luís Aguiar-Conraria, Luís M. Jorge, Pitucha, Gabriel Silva e Masson (do Almocreve das Petas).

domingo, 21 de janeiro de 2007

Depois da ilusão do cinema

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É verdade que vivemos num mundo bipartido: por um lado, mergulhado numa espécie de amnésia colectiva (por via da deificação da actualidade, da catarse patrimonial e da insaciada devoração do presente em prejuízo dos antigos futuros de ouro); por outro lado, mergulhado num interminável banco de dados susceptível de actualização imediata e simultânea a partir de uma progressiva disseminação dos controlos (uma espécie de simulacro da ubiquidade que foi tão amada na infância do cinema).
Em frente, confesso, nem sempre fica o horizonte.

Afectações

A relação entre verdade e sentido parece que tem um laboratório vivo diante de todos nós. A procissão vai no adro. Não só o diabo existe, dir-se-á, como a seriedade parece revelar-se com inveja do ridículo. Voltarei ao tema. Deliciado.

sábado, 20 de janeiro de 2007

Mini-entrevistas/Série II – 105


LC
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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje a convidada é Batukada, 27 anos, signo leão, consultora, a desencalhar uma tese e suburbana assumida (http://moodyswing.blogspot.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
A palavra “blogosfera” diz-me, isto é, traz-me à memória, o saudoso Pastilhas (www.pastilhas.com). Foi na sala de conversação (no chat, digamos) do Pastilhas que eu e vários amigos acompanhámos, há uns quatro anos, em directo, o nascimento luso disto tudo (como éramos extremamente intelectuais, já conhecíamos os blogues da estrangeirada – que, diga-se, não interessam nem ao menino Jesus; os nossos é que são bons!). Depois o Pastilhas descambou e só ficou isto da blogosfera. E é assim…
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Que segui e continuo a seguir. O Óscares, claro. Desde que existe a blogosfera, nunca mais acompanhei esta saga pela televisão. Aliás, acho mesmo inadmissível que ainda haja pessoas que sigam a odisseia oscariana pela televisão. Excepção feita, obviamente, aos que relatam o acontecimento. Muito, muito divertido!
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Impactou mormente na área humana (brrrrr…) e dos hábitos de leitura. Então, vejamos: trouxe-me, principalmente, bons amigos e boas pessoas e um espaço onde posso mostrar a esta gente as músicas de que gosto, sem ter de as cantar (o que é chato). Depois, trouxe-me algo maravilhoso que foi a actualização no mínimo espaço de tempo: à distância de quatro ou cinco cliques por dia, fico actualizada, cultural, social e intelectualmente. Só não me trouxe disciplina na escrita, o que é pena. Mas, no fundo, é tudo muito bonito. Juro.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Não, não acredito. Mas no bom sentido.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca e Patrícia Gomes da Silva. Agenda para esta semana (15 a 20 de Janeiro): Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos e a Batukada

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Blogues e Meteoros - 14

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Os meus blogues de 2006 - 1
(No Expresso online desde ontem)
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É mais fácil escrever uma crónica entitulada “Os meus romances deste ano“ do que esta que é votada aos blogues. Um livro que se lê é sempre um tempo de vida. Seja uma fatia de Agosto, uma semana da Páscoa ou umas quantas noites do início do Outono. Um livro fica sempre marcado como se o tempo de incubação fosse já o da sua memória. De repente, David Lodge ocupa a cor solar das areias de Mil Fontes, Paul Auster aparece como uma papoila vermelha numa pousada de Serpa e Philip Roth ruge na minha direcção como se acompanhasse as folhas dos plátanos ao vento numa alameda de Cáceres. Um livro marca sempre um tempo e sinaliza uma presença: é como uma sombra que se une à luz, sua memória. Não há nada a fazer, é mesmo assim.
E é, também, por isso que posso perguntar com toda a ponderação: o que tenho eu em conta quando inicio a leitura de um livro? A resposta é óbvia e segura: um percurso, alguns heróis, uma arrumação linear, umas tantas complicações, uma topografia que privilegia a progressão e o plot, a necessidade de conjecturar o desenvolvimento do enredo (prefigurar conclusões, estados de clímax e as mais variadas possibilidades de desenlace), etc.
No entanto, quando se trata de viajar no continente dos blogues, esta questão deixa de ter razão de ser. O terreno passa, subitamente, a ser movediço. Será então mais adequado formulá-la do seguinte modo: O que tenho eu em conta quando entro num blogue?
A pergunta pressupõe desde logo o mais elementar: não há princípio num blogue, no sentido em que há incipit num livro. Quer isto dizer que, num blogue, estou sempre a bordo de uma deriva, como se estivesse mergulhado num projecto de design sem definições nem marcas muito precisas. O importante é ‘estar lá’ e dar-me conta do que fruo, como se percorresse uma espécie de diagonal que se propaga em várias direcções e que se cruza com diversas vozes de um monólogo tanto interior como exterior que abarca uma multidão.
E, no entanto, entre o ruído de fundo dessa multidão – o novo coro grego que deixou de ilustrar atmosferas para passar a ser ele mesmo a atmosfera –, há vozes que, de vez em quando, consigo suster, travar e escutar entre o infindo labirinto da rede. Essas vozes correspondem afinal àquilo que designo pelos “meus blogues”: aqueles por onde passo todos – ou quase todos – os dias; aqueles por que sinto uma (às vezes inexplicável) empatia e simpatia; aqueles com quem aprendi a contracenar num espectáculo que nem sempre vive da visibilidade e da ostensão.
Esta respiração silenciosa e imensamente partilhada é um novo mundo ainda por relatar, ainda por contar, ainda por revelar. O diálogo na rede não é, pois, apenas uma questão de “tom”, no sentido da procura expressiva por parte dos bloggers (tema sobre o qual tenho escrito). É também, e porventura em primeiro lugar, um novíssimo modelo de interacção e de comunicação entre mundos, euforias, emoções e afectos (com ênfase para o que costuma caracterizar-se pelo “não dito”) que se está agora a encetar e a explorar.
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(continua)

Uma jornalista portuguesa raptada no Líbano

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Conheci Olavo Aragão na semana passada por mero acaso. Trata-se de um jornalista que acabou de chegar do Brasil onde viveu durante quase vinte anos. A coincidência fez também com que, nos últimos dias, citássemos posts dos nossos respectivos blogues (eu sobre Steve Outing, ele sobre o programa Clube de Jornalistas). Hoje, quando fazia o meu zapping matinal pela blogosfera, li a inquietante notícia que Olavo Aragão avança. Fiquei a saber que há uma jornalista portuguesa – de nome Rute Monteiro - desaparecida no Líbano vai para três meses, segundo tudo leva a crer raptada por um grupo terrorista pouco conhecido. O que mais me impressiona é mesmo o silêncio em torno deste caso. Para saber mais, basta clicar aqui.
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P.S. - Mais sobre o assunto: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e também aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

Mini-entrevistas/Série II – 104


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O Miniscente tem estado a publicar uma série de entrevistas acerca da blogosfera e dos seus impactos na vida específica dos próprios entrevistados. Hoje o convidado é Sérgio Lavos (http://retrato-auto.blogspot.com/).
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- O que é que lhe diz a palavra “blogosfera”?
Liberdade de expressão, sem qualquer restrição - com as vantagens e os inconvenientes que daí decorrem.
- Qual foi o acontecimento (nacional ou internacional) que mais intensamente seguiu apenas através de blogues?
Exclusivamente através de blogues, nenhum. Mas desde que comecei a acompanhar o fenómeno que sigo atentamente a opinião de alguns bloggers. Opinião, sublinho, porque em relação a factos, notícias, continuo a preferir os media tradicionais. No entanto, a blogosfera permite um acesso a uma informação muito mais plural. E dado que a isenção jornalística não deixa de ser uma ilusão, será sem dúvida um avanço a multiplicação de opinião que os blogues permitem.
- Qual foi o maior impacto que os blogues tiveram na sua vida pessoal?
Impacto negativo - as horas retiradas aos dias, passadas no apaziguamento do vício. Impactos positivos - a possibilidade de exercitar a escrita em diferentes registos; o facto - desejado ou não - de pertencer a uma comunidade virtual, com a consequente partilha de conhecimento e de gosto que isso pressupõe; a sensação, não imediatamente comprovável, de que o futuro de algumas formas de expressão passa pelos blogues - incluindo a edição; finalmente, o feedback obtido, negativo ou positivo, em relação a algo que começou por ser perfeitamente secundário.
- Acredita que a blogosfera é uma forma de expressão editorialmente livre?
Absolutamente, se descontarmos os limite auto-impostos. Mas é uma questão de decência, de escolha do blogger. Estamos sujeitos a levar com aquilo que o ser humano produz de pior: a inveja, o ressentimento, a mesquinhez. Mas é, de longe, preferível isso a um estrangulamento da opinião e da liberdade de expressão. Quando a censura chegar à blogosfera - e há muitas formas de censura - então o meio acabou de vez. Os precedentes que conhecemos, espero que se revelem apenas excepções à regra. Quanto à má-educação de muitos, é apenas uma repetição daquilo que acontece lá fora. Que se criem os instrumentos que permitam controlar os abusos, sem nunca pôr em causa a ilusão de liberdade de que usufruimos.
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Entrevistas anteriores (apenas a Série II): Eduardo Pitta, Paulo Querido, Carlos Leone, Paulo Gorjão, Bruno Alves, José Bragança de Miranda, João Pereira Coutinho, José Pimentel Teixeira, Rititi, Rui Semblano, Altino Torres, José Pedro Pereira, Bruno Sena Martins, Paulo Pinto Mascarenhas, Tiago Barbosa Ribeiro, Ana Cláudia Vicente, Daniel Oliveira, Leandro Gejfinbein, Isabel Goulão, Lutz Bruckelmann, Jorge Melícias, Carlos Albino, Rodrigo Adão da Fonseca, Tiago Mendes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Vale de Almeida, Pedro Magalhães, Eduardo Nogueira Pinto, Teresa Castro (Tati), Rogério Santos, Lauro António, Isabela, Luis Mourão, bloggers do Escola de Lavores, Bernardo Pires de Lima, Pedro Fonseca, Luís Novaes Tito e Carlos Manuel Castro, João Aldeia, João Paulo Meneses, Américo de Sousa, Carlota, João Morgado Fernandes, José Pacheco Pereira, Pedro Sette Câmara, Rui Bebiano, António Balbino Caldeira, Madalena Palma, Carla Quevedo, Pedro Lomba, Luís Miguel Dias, Leonel Vicente, José Manuel Fonseca e Patrícia Gomes da Silva. Agenda para esta semana (15 a 20 de Janeiro): Carlos do Carmo Carapinha, Ricardo Gross, Maria do Rosário Fardilha, Mostrengo Adamastor, Sérgio Lavos e a Batukada