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William Shakespeare, O Conto de Inverno, Campo das Letras, pp. 180., tradução, notas e prefácio: Filomena Vasconcelos.
Saída a público: 29 de Novembro.
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Pré-publicação:
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"ACTO 1
Cena 1
Cena 1
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Entram Camilo e Arquídamo.
ARQUÍDAMO – Se alguma vez, Camilo, visitardes a Boémia numa ocasião semelhante à que me trouxe aqui, vereis que existe, como já vos disse, uma grande diferença entre a Boémia e a Sicília.
CAMILO – Creio que no próximo Verão o rei da Sicília pretende retribuir ao rei da Boémia a visita que lhe deve.
ARQUÍDAMO – A amizade entre nós irá justificar tudo aquilo em que a nossa hospitalidade nos possa envergonhar; porque, na verdade ...
CAMILO – Por favor ...
ARQUÍDAMO – Digo livremente a verdade por tudo aquilo que sei. Não poderemos ousar tamanha magnificência – tão singular, que não tenho palavras. Dar-vos-emos bebidas narcotizadas, para que os vossos sentidos não se apercebam das nossas falhas; e ainda que não possam elogiar-nos, também não hão-de censurar-nos.
CAMILO – Tendes um apreço excessivo pelo que vos é dado de livre vontade.
ARQUÍDAMO – Acreditai que digo apenas o que o pensamento me dita e a honestidade me impõe.
CAMILO – O rei da Sicília nunca será excessivamente hospitaleiro para com o rei da Boémia. Foram criados juntos na infância, o que enraizou neles uma amizade, que jamais deixará de florescer. Se outras responsabilidades e imposições da realeza os separaram, as suas relações, ainda que não pessoais, têm-se mantido oficialmente através da troca de presentes, cartas e embaixadas amistosas, como se ambos continuassem juntos, embora ausentes, apertassem as mãos sobre a imensa distância ou se enlaçassem num abraço que fosse de um canto ao outro dos ventos. Os céus guardem esta amizade!
ARQUÍDAMO – Penso que nada há neste mundo, nem mal nem razão, que possa alterá-la. Tendes o indiscutível apoio do jovem príncipe Mamílio. Jamais conheci nobre algum mais promissor.
CAMILO – Estou plenamente de acordo convosco na esperança que nele temos. É um rapaz destemido, alguém que anima os súbditos e revigora os velhos corações. Os que já andavam de muletas antes de ele nascer, querem ainda viver até ele ser homem.
ARQUÍDAMO – De contrário, não se importariam de morrer?
CAMILO – Não ... se não tivessem qualquer outro pretexto para querer viver.
ARQUÍDAMO – E se o rei não tivesse um filho, eles iriam viver de muletas até ele o ter.
Entram Camilo e Arquídamo.
ARQUÍDAMO – Se alguma vez, Camilo, visitardes a Boémia numa ocasião semelhante à que me trouxe aqui, vereis que existe, como já vos disse, uma grande diferença entre a Boémia e a Sicília.
CAMILO – Creio que no próximo Verão o rei da Sicília pretende retribuir ao rei da Boémia a visita que lhe deve.
ARQUÍDAMO – A amizade entre nós irá justificar tudo aquilo em que a nossa hospitalidade nos possa envergonhar; porque, na verdade ...
CAMILO – Por favor ...
ARQUÍDAMO – Digo livremente a verdade por tudo aquilo que sei. Não poderemos ousar tamanha magnificência – tão singular, que não tenho palavras. Dar-vos-emos bebidas narcotizadas, para que os vossos sentidos não se apercebam das nossas falhas; e ainda que não possam elogiar-nos, também não hão-de censurar-nos.
CAMILO – Tendes um apreço excessivo pelo que vos é dado de livre vontade.
ARQUÍDAMO – Acreditai que digo apenas o que o pensamento me dita e a honestidade me impõe.
CAMILO – O rei da Sicília nunca será excessivamente hospitaleiro para com o rei da Boémia. Foram criados juntos na infância, o que enraizou neles uma amizade, que jamais deixará de florescer. Se outras responsabilidades e imposições da realeza os separaram, as suas relações, ainda que não pessoais, têm-se mantido oficialmente através da troca de presentes, cartas e embaixadas amistosas, como se ambos continuassem juntos, embora ausentes, apertassem as mãos sobre a imensa distância ou se enlaçassem num abraço que fosse de um canto ao outro dos ventos. Os céus guardem esta amizade!
ARQUÍDAMO – Penso que nada há neste mundo, nem mal nem razão, que possa alterá-la. Tendes o indiscutível apoio do jovem príncipe Mamílio. Jamais conheci nobre algum mais promissor.
CAMILO – Estou plenamente de acordo convosco na esperança que nele temos. É um rapaz destemido, alguém que anima os súbditos e revigora os velhos corações. Os que já andavam de muletas antes de ele nascer, querem ainda viver até ele ser homem.
ARQUÍDAMO – De contrário, não se importariam de morrer?
CAMILO – Não ... se não tivessem qualquer outro pretexto para querer viver.
ARQUÍDAMO – E se o rei não tivesse um filho, eles iriam viver de muletas até ele o ter.
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Actualização das editoras que integram o projecto de pré-publicações do Miniscente: A Esfera das Letras, Antígona, Bizâncio, Campo das Letras, Colibri, Mareantes, Presença e Vercial.