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quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Jacqueline du Pré

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Faz hoje 19 anos - corria o ano de 1987 -, estava a ouvi-la e a escrever ao mesmo tempo o meu terceiro romance, No Princípio Era Veneza (sairia depois na Vega em 1990). Nessa altura, Jacqueline du Pré era uma companhia habitual que eu frequentemente escolhia naquele microcosmos entre a folhagem incerta do quintal e as cortinas claras - pareciam velas - que davam para a Palmstraat. Estava a chover como hoje, tinha chegado de Utreque com um saco de compras e lembro-me que coloquei o vinil no gira-discos (também se dizia correntemente, na "aparelhagem"). Era Haydn - uma sonoridade que dava ao ar a espessura de uma lâmina - e, pouco depois, às seis horas, no "Six O'Clock News from the BBC" (parece que estou ainda a ouvir a voz londrina que anunciava o meu jantar) a notícia da morte de Jacqueline surgiu do nada e eu fiquei subitamente estarrecido. E fixei o dia até hoje.