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Soube agora pelos amigos do bairro que este famoso Pessoa do Almada vai regressar à Casa Fernando Pessoa (onde vive há uma dúzia de anos). Mas eu que sou mais velhinho do que a média da malta da blogosfera - embora não pareça -, lembro-me como se fosse hoje de o ver no local para que foi originalmente encomendado em 1954 (data, afinal, do meu nascimento): o restaurante "Irmãos Unidos".
Era uma vasta sala, um belo volume cheio de vidraças que ligava, ao lado da Suíça, o Rossio à Praça da Figueira (não há registos na rede). Devia ter cinco ou seis anos, quando os meus pais ali me levaram por mais do que uma vez (e ao meu irmão, claro). Aquelas formas e aquela luminosidade solar ficaram-me na lenta austeridade da alma. Lembro que, quer o meu pai, quer a minha mãe sublinharam na altura o carácter ímpar da obra. Já não sei como, nem com que palavras. Mas a mensagem - como se diz agora - ficou.
Por essa razão, à época, o "Irmãos Unidos" não era apenas aquele salão sem fim que o olhar de uma criança ajudava a expandir; o "Irmãos Unidos" era sobretudo aquele estranho quadro que persistia em dar forma ao poeta sibilino. Obrigado, pois, por ter ficado a saber que ele está vivo. Mais um motivo para voltar a subir a rua...