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sábado, 12 de fevereiro de 2005

Vozes

Sou eu que escrevo o que aqui aparece. Não haja a mais pequena dúvida. Mas também não é menos verdade que, ao reler este meu blogue, verifico amiúde existirem involuntárias personagens autonomamente criadas que acabam por inscrever um ambiente, uma locução, uma enunciação, um estilo e até uma encenação muito peculiares. Redundantemente específicas. Não há nada a fazer. A linguagem estatui sempre o seus mapeamentos de experiência, as suas balizas, as suas coordenadas e sabe sobretudo adaptar-se quase geneticamente a cada campo onde é chamada a germinar. Neste caso, o campo é uma ciber-experiência espontânea, pouco orgânica, fragmentária, de natureza instantanista e dotada de um auditório impreciso, ou seja, um blogue. São muitas as vozes que habitam a voz do Miniscente. Mas não só. Não há blogue onde este tipo de mise en scène não seja a genuína expressão que garante, afinal, a sua verossimilhança e individualidade. A sua haecceitas.