Cabeça fria
Os espanhóis penalizaram o PP por ter tentado ocultar alguns dados fundamentais relativos à tragédia do 11-M. O partido de Aznar esqueceu-se, à última hora, de que vivemos num mundo onde tudo está praticamente globalizado: os serviços secretos, as diplomacias, a comunicação social e a própria opinião pública. À dor, o povo espanhol juntou uma mobilização talvez imprevista e definiu a sua posição, quatro dias antes verdadeiramente improvável.
Sem a tragédia do 11-M, o PP teria ganho as eleições com maioria absoluta e com toda a história do Iraque pelo meio. Não foi, pois, por causa da questão-Iraque que o PSOE ganhou as eleições. Há mil e uma especulações redutoras e maniqueístas a pairarem por aí e que acabam por projectar sobre o que aconteceu em Espanha os fantasmas, as paixões e os desejos dos seus acalorados autores.
Haja cabeça fria! Ou alguém imagina que a al-Qaeda irá diminuir alguma vez o seu ímpeto contra o ocidente, após as mudanças operadas em Espanha? Haja cabeça fria.